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A ciência da produção: fábrica despolitizada
(Edgar Salvadori de Decca)

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A classe trabalhadora surge em meio a um emaranhado de signos e significados, codificações e vigilância, explorada pela opressão industrial e pressionada psicologicamente pela ideologia burguesa, que não só invade sua vida, seus pensamentos, propõem métodos de controle coercitivos e repressivos sobre o trabalhador, em um momento de reorganização da ação da mão de obra com o advento da fábrica.
A classe operária junto á fábrica, como organização política cresce moldada por mãos habilidosas e malabarismos retóricos desenvolvidos por sutilezas persuasivas de palavras incutidas em todos os setores sociais considerado um processo irreversível, e nem sempre por pessoas ou organismos que defendessem seus reais interesses, interesses pautados em salário mínimo legal controle do horário e das condições de trabalho da mulher e do menor pela proibição de trabalhos degradantes, pelo direito de livre associação... menor jornada de trabalho, e principalmente sobre o controle do processo de produção exercido pelos trabalhadores e não a produção ser comandada por entidades a parte da fábrica, como sugere definitivamente o Teylorismo no final do século XIX, nos Estados Unidos, e Roberto Simonsen no início do século XX , no Brasil.
Ainda assim mesmo deformada pelo peso cotidiano das máquinas, da degradação, da fome e da pobreza, os trabalhadores reagem com um gesto estóico de civilidade e tentam se organizar demonstrando a intelectualidade do setor mesmo diante as adversidades. Quando surge a primeira sombra do colosso do seu tamanho e o tamanho de suas possibilidades surge também um novo sentimento popular: o medo.
Sua organização será tema central no processo de desenvolvimento do capitalismo. E não passam despercebidas as condições de idéias propostas pelos promotores do capitalismo que usam métodos de disciplinarização dos blocos de trabalhadores para um melhor manejamento do andamento da produção e uma melhor manipulação de seus interesses.
Os aparelhos utilizados neste processo repressor criaram filiais em várias influências: criação de uma nova ciência que justificasse a fábrica e seus modos de ação (economia política) com palestrantes ilustres como Adam Smith e até Marx, que trabalhou com a premissa de que a fábrica seria uma realidade, dizendo que a fábrica mecanizada já havia conquistado seu lugar definitivo e inquestionável entre as realizações da sociedade humana; criação e reformulação de leis para incutir o funcionário definitivamente, via ação estatal, e assegurar a não livre associação entre trabalhadores; repressão bélica para conter movimentos de protestos em relação as condições de trabalho; incorporação de agentes espiões do Estado nos pleitos fabris promovido por líderes operarias com intuito de organização política; até o Advento do Teylorismo, com sua ação e penetração silenciosa, acompanhando todos os movimentos de organização das instituições, sejam elas fábricas, escolas, hospitais, etc. , carregando consigo todo o seu aparato de controle e disciplinarização.
Seja a repressão, proposta pelos grandes patrões através da força militar, seja repressões através do discurso econômico, seja através do desemprego ,da fome, dos direitos, seja através da repressão direta após o ludismo, seja a repressão indireta proposta pelo Teylorismo e criação de instituições para agregar a realidade da fábrica na sociedade, seja em artes secretas nas infiltrações nas reuniões do proletariado, seja na traição de seus líderes, seja nas repressões legais com a supressão de organização trabalhista e o empurrão a clandestinidade, seja no domínio completo proposto pelo cadastramento no registro até o derradeiro silêncio absoluto trazido pelo medo fazendo desaguar em novos movimentos e um acordar as questões necessárias à adaptação política.
E é a repressão multifacetada o fator primordial para que possamos entender a manifestação, os ideais, a movimentação e a formação da classe operária, que desde seu cerne se viu obrigada a trabalhar, a reivindicar, a lutar, a silenciar e finalmente se organizar.
Do desejo e direito de ter poder sobre a produção a classe operária invade a era capitalista engatinhando dentro do berço embalado pelo entorpecente ninar de uma cantiga burguesa, e duas mãos: uma empurra com o cacetete e a outra com livros de economia.

Ao que parece, a classe operária abre as portas ao capitalismo fragmentado e em retalhos, como se tardiamente tivesse percebido que já deveria ter se organizado mais enfaticamente.

Sua enorme marcha rumo aos processos de produção não foi sequer valorizada a não ser por menos chicotadas, caso a classe se comportasse.
Os líderes operários, novos burgueses recém incorporados, inescrupulosamente venderam todo um povo miserável que, a base de violência, considera seu local de trabalho, a fábrica, como a única esperança de sobrevivência.
A primeira Grande Guerra finaliza a construção das primeiras etapas de organização da classe operária na entrada ao capitalismo e traz consigo o maior bem estar aos trabalhadores oprimidos e semi-escravos: a morte coletiva como o descanso final.



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