O SUCESSO É SER FELIZ
(Roberto Shinyashiki)
FELICIDADE, ÉTICA EPICURISTA E ASTERIX
O estilo de vida da maioria das pessoas, é de muita correria sem sentido, vida cheia de preocupações, falta de alegria e angústia. Indivíduos que não conseguem transformar o carinho pela pessoa amada em relacionamento gratificante. Profissionais que não conseguem transformar seu talento em realizações produtivas; ricos agindo de forma mesquinha em relação ao próximo. Para o autor, não é preciso, necessariamente, abrir mão de tudo para ser feliz. O que conta não é tanto que você faz, mas como procura realizar suas metas. Isso é que vai determinar sua qualidade de vida. Quando o indivíduo tem compromisso com sua essência, a vida não se torna um fardo pesado de carregar. As pessoas têm medo de olhar para dentro de si e encontrar beleza, luz e força. Quando elas descobrem a beleza que carregam na alma, logo se dão conta que existem infinitas possibilidades de transformação que podem realizar em suas vidas. Ao olhar para dentro de si e descobrir sua força, deixam de viver como escravas e imediatamente assumem sua grandeza. Este livro traz à tona uma espécie de fórmula para a busca de uma vida mais plena, que pode abrir os horizontes do leitor, propiciar uma nova visão de nosso cotidiano, em casa com nossos familiares, no trabalho com superiores e colegas e orienta como motivar essa transformação. O assunto, me fez lembrar o livro “As Delícias do Jardim” onde o autor (Pessanha*) define a “ética epicurista”, e por sua vez, Asterix. Vou explicar: A humanidade precisa de tratamento pois está doente. A fonte do mal está detectada nas falsas crenças e o que move a ação curativa é o generoso sentimento de philia, amor à humanidade. Todos têm direito à cura, sem limitações sociais, econômicas e étnicas. O remédio é oferecido a qualquer um, passante, estrangeiro, pois seu valor e benefício são universais. Na ética epicurista, o remédio é o “logos” filosófico enquanto portador da verdade, o discurso enquanto phármakon (curativo). O tetrapharmakon é o quádruplo remédio composto por ingredientes das Doutrinas principais de Epicuro: não há o que temer quanto aos deuses e à morte. Pode-se alcançar a felicidade e suportar a dor. A grande sabedoria é utilizar o futuro e o passado para obter no presente, prazer e serenidade. A anulação da dor física pode ser obtida por um remédio: representações mentais e o jogo das imagens. A sabedoria está em contrapor prazeres corpóreos e fazer com que no caso do presente ser doloroso, neutralizá-lo pela memória ou pela esperança no pressuposto de que uma imagem, resgatada do passado ou antecipada do futuro, pode ser mais forte que uma sensação. A dupla natureza da proposta epicurista (aliar razão iluminadora e amor à humanidade, lúcida compreensão dos fenômenos naturais e procura da felicidade terrena, ciência e ética), justifica em parte, a aparência de seita, o caráter de confraria assumido por essa corrente filosófica. O que ela objetiva é alcançar o bem num empreendimento exclusivamente ético e não político. Não adianta pretender a salvação coletiva da sociedade (como queriam pitagóricos e Platão): a salvação é pessoal e interior, e exige como primeira condição, se afastar das turbulências da Cidade. É preciso portanto se contrapor a longa tradição e demonstrar que a vida social não constitui condição natural intrínseca ao homem: é mera convenção. Pode assim, ser substituída pela vida de acordo com a verdadeira natureza humana, cuja vocação é o prazer e a alegria. O homem apoiado na compreensão dos fatos da natureza, pode evitar a dor e o medo, precisando de pouco para ser feliz. Mencionei Asterix, porque é precisamente isso que ocorre em sua aldeia gaulesa. Todos encaram o futuro com otimismo. O chefe gaulês é aconselhado por um druída, o mestre, fonte de informação e ensinamentos e amado, um exemplo de vida sábia a ser seguido e divulgado. Shinyashiki não propõe nada impossível. É um exame de consciência (nossa consciência) para buscarmosa felicidade. A vida não é só trabalho, precisamos também de lazer e alegria para que as pessoas à nossa volta pensem em nós e adotem um modelo que cabe a elas, de melhoria de vida também. Mudando a nós estaremos mudando os outros à nossa volta.
__________________________________ *PESSANHA, José Américo. As Delícias do Jardim. In: NOVAES, Adauto (org.). Ética. São Paulo, Cia.das Letras,1992.
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