Ciência, coisa boa...
(Rubens Aires)
Fernando Pessoa diz que pensar é estar doente dos olhos. Sob o ponto de vista poético, meramente da letra, posso concordar com ele. Mas, discordo desse mesmo pensamento quando colocado como verdade absoluta. Para mim, pensar é abrir a cortina do desconhecido para permitir a penetração da luz do conhecimento. Penso, logo vejo, analiso, discuto, desvendo, comparo e concluo. Pensar auxilia os olhos do saber.
Quando Ruben afirma que pensamos quando algo está errado, dizendo que lembramos dos dentes e nos movemos por ele, quando doe. Diz: Quando os olhos estão bem a gente não pensa neles: eles se tornam transparentes, invisíveis, desconhecidos, e através de sua absoluta transparência o mundo aparece. Digo, no entanto, que há relatividade no que foi afirmado pelo escritor em questão. Podemos nos lembrar dos olhos sem que ele nos encomodem.
O aparecimento da dor altera a nossa conduta diante de um órgão debilitado. Se ele estava esquecido passa a ser o foco da nossa atenção. Se comemos e nada acontece, o alimento passa despercebido. Mas, se o alimento causar dor no organismo, vamos nos lembrar dele e pensar na razão do mal estar. Vamos perguntar por quê nos fez mal. Nasce aí a hipótese, um conjunto de peças imaginárias de um quebra-cabeça, com o propósito de compreendermos para evitar o mal estar. Só conhecemos o que nos chama a atenção, diz Aires.
O prazer do conhecimento é o desafio ao desconhecido. O prazer do corpo é a lógica. Ele repete o comportamento, o encontro, a ação, quando são prazerosos. O conhecimento busca o novo, abomina a repetição.
O desejo de conhecer é um servo do desejo do prazer.
O cientista que fica horas, dias, meses, anos em seu laboratório, não fica lá por dever. Kant despresava o prazer e achava que, certo mesmo, só as coisas feitas por dever. O dever sem prazer não consegue ver nada de novo. Idéias criativas requerem os vôos da imaginação. Isso traz o êxtase da realização.Ser admirado, ser o primeiro, ser capaz, é isso que explica todo trabalho do cientista que esconde a sete chaves os resultados da pesquisa, até concluí-las. O que está em jogo, no dia a dia da ciência é o simples prazer que as pessoas derivam deste jogo intelectual.
Resumos Relacionados
- Poema Nono Pelos Meus Olhos
- O Desejo Do Prazer
- Relaxe Da Alma
- A Auto-sabotagem Dos Desejos
- Entre A Ciência E A Sapiência - O Dilema Da Educação
|
|