A Terceira Margem do Rio - Análise sob a luz da psicanálise - 2º parte 
(Barbara Tavora)
  
O filho expressa o modelo que o pai era para ele: "Foi pai que um dia me ensinou assim...". Discurso do universitário.
 
 A família vai embora, cada um seguindo o seu caminho, mas o filho fica,
 persistindo em sua busca, sem mesmo saber ao certo o que buscar. Quando
 quis ir atrás da verdade, sem esperar pelo pai, e teve a idéia de fazer
 assim, descobriu que o homem que havia construido a canoa estava morto,
 ficando a última possibilidade de saber, sem ter que entrar em contato
 com o pai, fora de alcance.
 Os questinamentos internos do filho ficam cada vez mais fortes.
 Questionando a imaginação das pessoas ao redor, que imaginaram que o
 pai fosse o avisado tal qual Noé e que a canoa fosse o equivalente a
 arca. Assim temendo o fim-do-mundo e o pai se equiparando ao mito
 enquanto se misturava ao próprio rio. Constante em sua presença,
 constante em sua ausência.
 
 O filho sentia culpa e pena, tornara-se obesessivo, esperava que a
 descoberta da verdade substituisse a sua falta, mas não via a si mesmo.
 Enquanto torturado pelo sentimento de culpa, questionava sua própria
 loucura, mas como ele disse, a palavra louco em sua casa não se usava.
 Todos eram loucos ou ninguém era, aparecendo assim a idéia, em que se
 baseiam os padrões da psicanálise, de que o indivíduo que possuiu a
 patologia, acaba por fazer os outros perceberem os elementos anormais
 que existem em todas as pessoas, quebrando o conceito de anormalidade
 dessas pessoas, mas num grau menor que no indivíduo que possui a
 patologia.
  O filho acaba por descartar a possibilidade de sua própria loucura e
 vai ao encontro do pai e propõem que troquem de lugar. Sente que agiu
 de forma correta e que seu coração se confortava com essa atitude.
 Porém o filho, que sentia culpa e medo, não estava pronto para aquele
 encontro, achando que tinha a obrigação de salvar o pai, mas não teve
 coragem ao ver diante de si aquilo que por tanto tempo havia esperado,
 sem ao certo saber porque apavorou-se, voltou atrás, e fugiu, deixando
 para trás a possibilidade de compreensão.   Acaba por se frustar e por
 fim recorre ao símbolo como esperança de libertação, que seja no tempo
 de sua morte, dizendo que quando morresse, seu corpo fosse depositado
 numa canoa, no meio do rio. Talvez para ter o mesmo destino do pai,
 para se juntar a ele ou como forma de auto-punição.
 
 O filho que esperava que a descoberta da verdade que aparece com seu saber, que é o Significado, pudesse substituir a sua falta.
 Pai e filho são imagem invertida no espelho, discursos opostos, o pai a
 ponto de trocar de lugar com o filho, mas o filho não estando pronto
 para isso.
 
 Viagem que vai do mínimo ao máximo, na aventura em busca do infinito e,
 ao mesmo tempo, na viagem da circularidade temporal em que a obra se
 desenvolve, na união possível desses extremos que se tocam-se simboliza
 o infinito.
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  - BAGGIO, Angela M Brasil. Psicologia do Desenvolvimento. Petrópolis: Vozes, 1983.
 
 - FREUD, Sigmund. Freud. Documentos, 1969.
 
 - MAGNO, Machado Dias. Rosa Rosae.
  - ROSA, João Guimarães. Primeiras Estórias. Rio de Janeiro: José Olympio, 1972.
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  1º parte - http://pt.shvoong.com/abstract.aspx?id=185626 
 
  
 
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- O Globo
  
  
- O Pai De Verdade Mesmo
  
 
 
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