Obesity in Europe – a case for action
(International Obesity Task Force)
Evolução da Obesidade na Europa De acordo com a OMS a obesidade é epidemia do século XXI. Considera-se que o número de obesos em todo mundo ascende aos 300 milhões de pessoas, dentro dos quais 45% são cidadãos da UE. As conclusões do relatório são realmente preocupantes: a obesidade está a crescer a uma “velocidade alarmante” em toda a Europa e sobretudo nos países da UE, configurando uma “epidemia pan-europeia que oferece uma encorpada barreira à prevenção de doenças crónicas e constitui uma ameaça directa à saúde das crianças”. Os números apontam para cerca de 135 milhões de cidadãos da UE com excesso de peso (75 milhões de homens e 60 milhões de mulheres); se considerarmos o alargamento, serão mais 70 milhões. Como agravante, verifica-se que na maior parte dos países a faxa de população afectada ultrapassa os 50 %, o que constituía excepção até há alguns anos atrás; o relatório salienta ainda que as taxas duplicaram em poucos anos, e que este facto pode voltar a acontecer nas décadas que se avizinham. No que diz respeito à obesidade infantil, dados da OMS indicam que já há 22 milhões de crianças com menos de 5 anos que têm peso a mais. As crianças com excesso de peso têm mais probabilidades de vir a ser adultos obesos e enfrentam um risco acrescido de doença cardiovascular, diabetes tipo II, hipertensão, colesterol, apneia do sono, problemas ortopédicos e problemas psicológicos. Uma longa lista de desvantagens que por vezes desemboca em dificuldades na socialização e atrasos educativos. Na Europa, os níveis estão a crescer vertiginosamente, atingindo em média um sexto das crianças; de facto crê-se que em algumas regiões a situação é ainda pior, com uma em cada três crianças a apresentar um peso superior ao desejado. Para além disso, o relatório destaca a prevalência “assustadora” de diabetes tipo II em meninos obesos, considerada um “sinal de alarme” que convém não ignorar. Situação em Portugal Pela análise dos dados a nível nacional, verificamos que Portugal não escapa à epidemia: ao todo, cerca de metade da população portuguesa apresenta excesso de peso; 35% estão mais gordos do que seria desejável, os restantes 15,6% são francamente obesos. Apesar de elevadas, as taxas de prevalência estão dentro da média europeia e bem mais abaixo que os níveis registados nos EUA. Mas há sinais de alerta: a obesidade mórbida (IMC superior a 40) afecta já entre 50 a 80 mil portugueses, cerca de 3% da população. Encargos da Obesidade Estima-se que só na UE em cada ano, cerca de 78 mil novos casos de cancro sejam provocados por excesso de peso. Embora os verdadeiros valores continuem subestimados, o relatório afirma que os custos da obesidade sobrecarregam cada vez mais o orçamento dos estados-membros. A nível comunitário, crê-se que, em média, os governos gastem cerca de 8% dos seus orçamentos de saúde com problemas associados à obesidade; percentagem esta que não inclui os custos indirectos, ainda por contabilizar. Um estudo da Roche Farma, citado no relatório, concluiu que um indivíduo obeso-tipo gasta cerca de 58 euros por mês entre produtos farmacêuticos, ginásios, massagens e consultas. De resto, salienta-se a urgência em regulamentar o mercado paralelo da obesidade, isto é, “médicos não ortodoxos que apregoam grandes taxas de sucesso, clubes de emagrecimento que cobram à sessão, produtos dietéticos” - uma indústria que calcula-se, movimenta em toda a UE cerca de 15 biliões de euros por ano. O problema do envolvimento O relatório traça o retrato da obesidade europeia, induzida por uma dieta hipercalórica, rica em lípidos e açúcar e pobre em frutos e vegetais, e; por um estilo de vida cada vez mais sedentário, que rarefaz as oportunidades para fazer exercício físico. A “cultura do snack” promove “um sobreconsumo passivo de energia que se destina quase exclusivamente ao armazenamento: graças à tecnologia, as tarefas domésticas e laborais exigem cada vez menos esforços. Para além disso, o tempo livre raramenteé preenchido com actividades desportivas; mesmo a população de idade média e os mais velhos, especialmente vulneráveis aos riscos da obesidade, são “encorajados a gozar uma reforma relaxada”. Os agentes comerciais são apontados no relatório como os principais responsáveis por este ambiente “tóxico” e “obesogénico”. A conspiração da obesidade envolve estratégias de marketing e manobras de lobbying mas usa também agentes como a predisposição genética para o excesso de peso (que não explica mais de 1% dos casos), mães que não amamentam, as famílias que trocam comida caseira por uma pizza aquecida no micro-ondas, as escolas e os bairros que não investem em estruturas desportivas e de lazer, os poderes locais que não libertam ruas para bicicletas e peões e os media que veiculam imagens corporais estereotipadas. Tal como já foi referido, embora hajam factores genéticos por detrás da obesidade, não são eles que explicam a actual epidemia; isto porque os números dispararam em menos de uma geração e são mais expressivos nos níveis sócio-económicos mais desfavorecidos. O relatório é muito claro: a obesidade é um problema cuja responsabilidade é partilhada. Os autores do documento convidam a Comissão Europeia e os governos a um olhar panorâmico sobre o tema, promovendo novas estratégias multisectoriais de prevenção. Como curiosidade, apenas a França (em que a situação é das melhores na UE) pôs em marcha um programa governamental de combate à obesidade.
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