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Mãos ao alto: quem pagou?
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O governo Lula é um marco. É o criador de uma balbúrdia que implodiu todas as fronteiras conceituais, das mais sofisticadas às que são puro bom senso. Não deixou pedra sobre pedra, mas se comporta como se ainda fosse o tutor de alguma coisa paradigmática e do bem. Até bota banca, como a do ex-ministro-chefe da Casa Civil e deputado cassado José Dirceu. Eles não conseguem enxergar a onda que criaram. Há os que a sentem, mas se recusam a reconhecê-la. Graças a petistas como José Dirceu e ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o que era uma exigência legal da República virou um clamor quase moralista das ruas. Ninguém mais dará um passo em público sem ter de responder à pergunta óbvia: quem pagou? “Não devo explicações” Não poderia ser de outro jeito, mas José Dirceu não só não gostou que o repórter Germano Oliveira, d’O Globo, lhe perguntasse quem pagou o jatinho Citation 500, prefixo PT-WBY, que o levou a Juiz de Fora para uma conversa com Itamar Franco, como se saiu com este conceito arreganhado: “Estou indignado com essa invasão de minha privacidade”. Poderia ter ficado por aí, mas foi adiante, tentando se mostrar convincente: “Não sou ministro e nem deputado. Não devo explicações da minha vida privada. Sou advogado, consultor de empresas. Tenho dinheiro para pagar o fretamento de um avião”. Tem?! Bom, no dia seguinte ao da cassação do seu mandato, José Dirceu deu uma entrevista coletiva em uma das salas das comissões da Câmara. Os repórteres queriam saber o que ele iria fazer da vida, e Dirceu começou a resposta com uma frase de efeito: “Nunca olho para trás e nunca volto ao passado. Eu sempre olho para frente”. E explicou o “para frente”: “Não sou mais um homem público, sou um cidadão brasileiro, coisa que eu fui mesmo proibido pela ditadura. Vou continuar fazendo o que sempre fiz, com muita paixão, muita fé. Não tenho mais nada. Não tenho poder nenhum, nem bens materiais. Só tenho convicções, meus sonhos, aquilo em que eu acredito.” A internet é a maravilha das maravilhas. Um clique no Google, e Dirceu entra por inteiro no nosso computador. O deputado cassado anunciou, nessa mesma entrevista, no início de dezembro passado, que iria dividir um escritório com a advogada Lílian Ribeiro. Com ar resignado, mas sempre bem-humorado, completou: “Agora eu tenho que trabalhar, preciso me sustentar”. Os repórteres quiseram saber se não ia recorrer ao Supremo (STF), e ele reforçou a situação de penúria, levando em conta que nem a aposentadoria de parlamentar iria requisitar. “Não tenho ânimo de ir ao Supremo. Meu ânimo é para trabalhar. Eu não tenho salário, tenho que trabalhar.” Dali em diante, arrematou, a existência seria regida pela canção de Zeca Pagodinho, “deixa a vida me levar”. Vida privada, contatos públicos Pois o homem, brasileiro conhecido, que é ninguém menos que ex-presidente do PT, ex-coordenador das campanhas eleitorais de Lula, ex-ministro, ex-deputado e, segundo o Procurador-Geral da República, Antonio Fernando de Souza, cabeça de um criminoso esquema de corrupção sistêmica dentro do Estado brasileiro, salta de um jatinho em Juiz de Fora para uma conversa política com Itamar Franco e diz que não tem de dar satisfação sobre a “vida privada” dele? Que “vida privada” é essa se Dirceu, segundo relato da revista Veja, telefonou de lá para Lula, colocando em seguida o presidente da República para falar, no celular, com Itamar? Dirceu continua sendo, isso sim, um dos grandes articuladores dos passos políticos de Lula, aquele que se diz traído - ninguém sabe por quem. E como é que o consultor de empresas e advogado José Dirceu conseguiu no tempo de algumas viagens político-nababescas menos de um trimestre de trabalho passar de um pobre cidadão brasileiro sem bens, precisando se sustentar, para um consultor com dinheiro para fretar um jatinho? Longe de mim levantar alguma suspeita sobre a vida econômica de Dirceu, apenas gostaria que ele, até para fazer algo relevante pelo país, fornecesse aos brasileiros a receitade tamanho e rápido sucesso. Como é que alguém pode levar a sério o que essa gente diz e faz? Formariam a trupe ideal para encenar uma paródia, não fosse tudo para lá de politicamente dramático. Dirceu acha que não tem de responder sobre quem pagou o jatinho, e Luiz Inácio Lula da Silva diz que tudo na crise, da denúncia da quadrilha ao Supremo à incapacidade de o governo organizar a base política para votar o Orçamento Geral da União (OGU), não passa de um “debate acalorado”, tal qual a disputa entre torcidas de futebol. A oposição não apóia as propostas do governo, e a base política do governo não consegue sustentar o Planalto porque um torcedor do Corinthians jamais torceria pelo Palmeiras e um palmeirense jamais apoiaria um corintiano. Ao fundo, o país ouve o barulho do retrocesso gritado pelos peões bate-paus de Lula contra um grupo de estudantes: “Um, dois, três é tudo filho de burguês”. Os meninos, que tiveram os apitos arrancados das mãos, respondem: “Abaixo a repressão, queremos nosso apito na mão”. E eis a tréplica: “Agora, burguesada, aqui quem manda é a peãozada”. Parecia que o Muro de Berlim havia ressuscitado e se mudado para Sorocaba (SP).



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