Resumo de pontes e recebido como heroi em brasilia -

Marcos Pontes foi recebido como herói em Brasília nesta quinta-feira, mas sua aterrissagem completa só ocorrerá nesta sexta-feira, quando retornará às origens. O menino do interior que cresceu em Bauru e se tornou profissional em São José dos Campos diz que sente uma mistura de cansaço e de vontade de estar com as pessoas que sempre lhe apoiaram. “Quero me sentir confortável quando chegar”, afirmou, ao fim da primeira entrevista coletiva desde que veio do espaço. “Quero tirar o sapato, pôr o pé em cima do sofá e abraçar o pai”.
Em um único momento do discurso no Palácio da Alvorada, logo antes da fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o condecorou com a medalha da Ordem do Mérito Nacional, Pontes ficou com um nó na garganta. “Quando olhei para as crianças no balcão”, disse. “Vejo minha missão ligada a elas”. As crianças gritaram e bateram palmas para o astronauta, balançando bandeirinhas do Brasil.
Pontes relatou com “orgulho da raiz” sua trajetória no interior paulista, inicialmente numa escola pública em Bauru. Uma não, duas. “Minha mãe me colocava em duas escolas, pois ficava mais barato que pôr numa creche”. Depois ele estudou no Sesi e no Senac – para pagar o curso no Senac, à noite, tinha de trabalhar durante o dia como aprendiz na rede ferroviária, onde sua mãe era funcionária.
Na época do Senac ele já sabia que queria entrar na Força Aérea. Ele credita ao irmão boa parte do incentivo à carreira na aeronáutica. “Tinha um tio que era da Força Aérea em Pirassununga, meu irmão me levava muito lá para ver os aviões”.
Autoridades – Com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, antes da entrevista, o astronauta diz ter conversado sobre aspectos operacionais da missão. Em particular sobre o momento da reentrada, as sensações físicas e fisiológicas. Lula fez apenas uma brincadeira, sobre o Noroeste, time de Pontes.
A primeira autoridade a falar durante a homenagem ao astronauta foi o ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Machado Rezende. Ele não perdeu a chance de provocar os críticos dos gastos do governo brasileiro com a missão na nave russa. “Os fatos calaram os críticos, pois foi o evento mais importante de divulgação da ciência”, afirmou, antes de dirigir a palavra a Pontes. “Sabemos que você será o maior divulgador da ciência, muito mais do que cientistas que criticaram esta missão”.
Em seguida falou o ministro da Defesa, Valdir Pires, que não poupou adjetivos ao astronauta. “Estive com (Iuri) Gagárin nos saguões do Congresso”, contou o veterano político baiano. “Você se parece com ele. Não só fisicamente, mas tem a mesma calma, simpatia, o rosto tranqüilo, a mensagem de confiança e audácia”. Pires ainda elogiou sua “cara aberta, jubilosa, contente” e disse que essa ida ao espaço é um “sinal de que o Brasil quer ter um assento nas decisões do mundo”.
Pontes falou entre os discursos de Pires e do presidente. Lula disse que como aspirante a astronauta ele “tinha mais liberdade de vôo”, já que agora aumenta sua responsabilidade diante do país. “O Brasil caminha muito a passos largos para ser dono de seu nariz”, declarou o presidente, “para exercitar sua soberania em todas as esferas que o mundo exige”.
O presidente também respondeu às críticas aos gastos com a missão. “Tem gente que acha que a gente não deve gastar dinheiro nisso, no nosso submarino, com urânio”, afirmou. “Vamos tratar de tudo que o Brasil precisa tratar. O que gastamos foi pouco diante do que passa a representar para o Brasil, o povo brasileiro, as crianças, a ciência”.
Futuro – Em raro momento despido de seu típico sorriso, o astronauta defendeu o lado educativo dos experimentos feitos no espaço e cobrou respeito aos profissionais da ciência que os encomendaram. Ele disse que “o mundo viu Santos Dumont” e, diante da reação das crianças, que “não há preço que pague isso, porque é o futuro”.
Ele disse que faz questão de dar seu testemunho a crianças em todo o Brasil. “Estou com muitas histórias para contar.”

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