Os Outros
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Os Outros, estrelado por Nicole Kidman, magnificamente no papel de Grace. É o
fim da Segunda Guerra Mundial, mas o marido de Grace ainda não voltou para casa. Seus filhos sofrem
de fotofobia, ou hipersensibilidade à luz. Presa em uma mansão imponente e
assustadora, Grace vive a escuridão de seus filhos, ao tempo em que tenta
se manter lúcida e esperançosa de que o marido um dia volte. Ela desconhece que ele foi morto durante a guerra.
Grace vive com os dois
filhos em uma mansão afastada de tudo e de todos. Preocupada com o
bem-estar das crianças que sofrem dessa doença rara, ela mantém a
casa às escuras e todas as portas fechadas. Para evitar acidentes, como diz, a norma é
trancar qualquer porta antes de abrir outra. Tendo acabado de contratar três novos criados repassa-lhes as importantes
regras da casa.
Grace passa a conviver com um
estranho fenômeno: sua filha tem visões de uma outra família na
mansão e, aos poucos, a própria Grace começa a ouvir ruídos assustadores em
vários aposentos.
Amenábar, ao criar personagens sensíveis à luz do Sol, consegue um meio
ideal para mergulhar seu filme nas sombras –
recurso valioso em um filme de terror. Desta maneira, o cineasta
envolve o espectador em uma atmosfera tenebrosa e de grande tensão.
Depois de conquistada a platéia, o diretor brinca fazendo a inversão
das expectativas, surpreende com duas das mais fortes cenas, em
aposentos iluminados; mostrando que o que mais assusta não é a
escuridão, mas qualquer condição diferente daquelas às
quais estamos acostumados. As portas trancadas, a fraca luz, sugerem a
claustrofobia muito eficiente ao filme. Esta atmosfera está presente
até quando Grace se
encontra ao ar livre por que a neblina intensa também evoca o elemento
de
claustrofobia.
Os Outros trazem uma exploração temática, ao contrário do que ocorre na
maioria dos filmes que trabalham com fenômenos sobrenaturais, os
personagens tentam discutir o
que testemunham de acordo com suas próprias crenças religiosas – e isso
acrescenta uma nova dimensão a eles. Grace, por exemplo, não consegue
entender
(ou aceitar) a presença de espíritos em sua casa, como católica, não
admite a simples existência destas entidades. Assim, a ocorrência
destas
experiências não apenas a assusta, mas também a confunde ao questionar
seu
próprio sistema de valores. O filme explora
estes conflitos teológicos para aumentar a tensão da
história, com a importante atitude de não criticar qualquer religião.
Os Outros conta com uma ótima atuação de Nicole Kidman num papel
complicado: Grace, a heroína do filme é também uma mulher de
personalidade forte e complexa. Seu rigor na
criação dos filhos é driblado pelo carinho que ela consegue repassar.
Outro trabalho interessante é o de Fionnula Flanagan, que cria ao mesmo
tempo, uma governanta simpática, mas misteriosa. As crianças,
interpretadas por Alakina Mann e James Bentley, desempenham
bem os seus papéis, atraindo a simpatia e levando o público a temer por
sua
segurança.
Trabalhando os recursos do gênero - casa mal assombrada - como portas
que se fecham sozinhas, instrumentos musicais que
emitem sons sem que sejam manipulados, e clamores confusos; Os Outros é
assustador e envolvente até o final, onde o segredo é revelado em meio
a cenas fortes e bem elaboradas.
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