Tocaia
(Leandro Mazera Schmidt)
Tocaia
Que o amor nos possuísse,
no meio de um descampado,
num jogo que não tem regras,
nem juízo, nem pecado.
Em uma tortura lenta,
de um ritual absoluto.
Que o amor nos possuísse,
num só tempo doce e bruto.
Que houvesse fuga e corrida,
com grito agudo na boca.
Que fosse dança selvagem,
prazer de fúria louca.
Com maldade instintiva,
guerra de unha e dente,
todo impulso desmedido,
no corpo úmido e quente...
Depois de horas de cerco,
firme nos cinco sentidos,
como animal se envolve,
percebe que está perdido.
Deixando durar mais o jogo,
ora foge, ora se entrega.
Se joga, se abre, provoca,
momento do sim, se nega.
Cúmplice do inimigo,
de manso se defendendo.
Ataca como se fosse
um longo tempo morrendo.
Esvazia sua alma,
parecendo despedida,
e geme para essa morte,
melhor que para a vida....
Amando sentir o gosto
de ter sido capturado.
Sabendo-se vencedor
e, com certeza, derrotado.
Depois de tudo resta
um cansaço ainda melhor.
Sorriso dentro do corpo,
inerte, em meio ao suor.
Que o amor nos possuísse,
com sensação de perigo.
No meio de um descampado,
como a dois inimigos.
E, ao nascer do dia,
inimigos, lado a lado,
descansam, se preparando...
Outra guerra, ou tratado...
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