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As Sete Lições
(Rodrigo Constantino)

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Em fins de 1958, Ludwig von Mises, um dos maiores expoentes do
Liberalismo, proferiu uma série de conferências na Argentina.
Felizmente, sua esposa decidiu transformar as transcrições das
palestras em livro, e assim nasceu As Seis Lições. Trata-se de um
pequeno livro em tamanho, mas profundo na mensagem. O mundo teria muito
a ganhar se as idéias bastante embasadas de Mises fossem mais
conhecidas. Tentarei aqui, muito resumidamente, abordar as lições.

Capitalismo:
A origem desse sistema foi voltada para a produção em massa, visando a
atender o excesso populacional proveniente do campo. Desde o seu
começo, portanto, as empresas têm como alvo a satisfação das demandas
das massas, e seu sucesso é totalmente dependente da preferência dos
consumidores. Há mobilidade social, pois ganha quem melhor satisfaz as
demandas. Assim, o desenvolvimento do capitalismo consiste em que cada
homem tem o direito de servir melhor ou mais barato o seu cliente. O
salto na qualidade de vida e na sua própria duração foi espetacular
após o advento do capitalismo, e a população inglesa dobrou entre 1760
e 1830. No capitalismo, através do livre mercado, quem manda é o
consumidor.

Socialismo: O mercado não é um lugar, mas um
processo, onde os indivíduos exercem livremente suas escolhas. Num
sistema desprovido de mercado, em que o governo determina tudo,
qualquer liberdade é ilusória na prática. Se o governo for o dono das
máquinas impressoras, não pode haver liberdade de imprensa (vide Cuba).
A visão do governo como uma autoridade paternal, um guardião de todos,
é típica do socialismo. Se couber ao governo o direito de determinar o
que o corpo humano deve consumir, o próximo passo seria naturalmente o
controle das idéias. A partir do momento em que se admite o poder de
controle estatal sobre o consumo de álcool do cidadão, como negá-lo o
controle sobre os livros ou idéias, já que a mente não é menos
importante que o corpo? O planejamento central é o caminho para o
socialismo, onde até uma liberdade fundamental como a escolha da
carreira é solapada. O homem vive como num exército, acatando ordens.
Marx chegou a falar em “exércitos industriais”, e Lênin usou a metáfora
do exército para a organização de tudo. A centralização socialista
ignora que o conhecimento acumulado pela humanidade não pode ser detido
por um homem só, nem mesmo por um “sábio” grupo. Isso sem falar do fato
de que os homens são diferentes. No socialismo, quem manda não é mais o
consumidor, mas o Comitê Central. Cabe ao povo obedecer-lhe.

Intervencionismo:
Todas as medidas de intervencionismo governamental têm por objetivo
restringir a supremacia do consumidor. O governo tenta arrogar a si
mesmo um poder que pertence aos consumidores. Um caso claro é a
tentativa de controle de preços, que gera longas filas com prateleiras
vazias, por contrariar as leis de mercado. Um passo seguinte costuma
ser o racionamento, com decisões arbitrárias que geram privilégios aos
bem conectados. Com o tempo, o governo vai ampliando mais e mais seus
tentáculos intervencionistas. Na Alemanha de Hitler, por exemplo, não
havia iniciativa privada de facto, pois tudo era rigorosamente
controlado pelo governo. Os salários eram decretados, todo o sistema
econômico era regulado nos mínimos detalhes. O próprio intervencionismo
na economia possibilita a formação de cartéis, e paradoxalmente, o
governo se oferece depois como o único capaz de reverter a situação,
através de mais intervenção. A intervenção na economia costuma ser o
caminho da servidão.

Inflação: O fenômeno inflacionário é
basicamente monetário, dependente da quantidade de dinheiro existente.
Como qualquer produto, quanto maior a oferta, menor seu preço. O modo
como os recursos são obtidos pelo governo é que dá lugar ao que
chamamos de inflação. A emissão de moeda é, de longe, a principal causa
da inflação. Há uma falsa dicotomia entre inflação e crescimento ou
desemprego, e o “remédio” da inflação para conter o desemprego sempre
se mostra, no mínimo, inócuo no longo prazo. Em última instância, a
inflação se encerra com o colapso do meio circulante, como na Alemanha
em 1923. O único método que permite a situação de “pleno emprego” é a
preservação de um mercado de trabalho livre de empecilhos. A inflação é
uma política, e sua melhor cura é a limitação dos gastos públicos.

Investimento
Externo: Para que países menos desenvolvidos iniciassem um processo de
desenvolvimento, o investimento estrangeiro sempre constituiu-se num
fator preponderante. As estradas de ferro de inúmeros países, assim
como companhias de gás, foram construídas com o capital britânico.
Esses investimentos representam um auxílio ao baixo nível de poupança
doméstica. A hostilidade com os investimentos estrangeiros cria uma
barreira ao desenvolvimento.

Política e Idéias: Todos os países
acabam dominados por grupos de interesses, disputando pela via política
mais e mais privilégios, em detrimento do restante. Poucos são os que
se dedicam realmente na defesa de um modelo benéfico no âmbito geral.
Para isso ser alterado, o campo das idéias é crucial. Mises lembra que
as idéias intervencionistas, socialistas e inflacionistas, foram
paridas por escritores e professores. Marx e Engels eram “burgueses”,
no sentido que os próprios socialistas utilizam o termo. Portanto, suas
idéias devem ser combatidas com idéias. Como o próprio Mises diz,
“idéias, e somente idéias, podem iluminar a escuridão”.

Por fim,
alterei o título do artigo para sete, e não seis lições. A última delas
eu me arrogo a pretensão de dar. É bastante simples: ler o livro de
Mises!



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