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Educação Milagrosa ou Panacea?
(Rodrigo Constantino)

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“Criar pessoas com elevada qualificação em países onde a atividade mais
rentável é pressionar o governo por favores não é uma fórmula de
sucesso.” (William Easterly)

Poucos pontos são tão consensuais
como o caráter milagroso atribuído à educação para o crescimento
econômico e prosperidade de um país. Mas será que tal senso comum
encontra respaldo nos fatos? O economista William Easterly, que atuou
por anos no Banco Mundial, tenta responder essa questão em um capítulo
do seu livro O Espetáculo do Crescimento, cuja premissa base é que os
indivíduos reagem a incentivos. No mínimo, o autor consegue forçar uma
saudável reflexão.

Através de vários estudos estatísticos,
Easterly conclui que a resposta do crescimento econômico à expansão
educacional dramática nas últimas décadas tem sido bastante
desapontadora. A causa do suposto fracasso das medidas governamentais
em prol da educação é, segundo o autor, o fato de que os indivíduos
respondem aos incentivos, e se estes não estiverem presentes para um
investimento no futuro, expandir a educação terá baixo valor. Em
resumo, investir em certas habilidades onde não existe sequer
tecnologia disponível para seu uso não irá garantir crescimento
econômico.

Como exemplo, Easterly cita os avanços no capital
humano de determinados países africanos, ainda que largando de uma base
baixa, que não foram correspondidos por elevado crescimento econômico.
Em contrapartida, o Japão, que não experimentou um crescimento
expressivo no seu capital humano, viveu uma forte aceleração econômica.
Estatisticamente, não há correlação entre crescimento nos anos de
escolaridade e aumento da renda per capita. Alguns estudos apontam, de
fato, que um investimento no ensino básico pode surtir um efeito
positivo no crescimento econômico, por determinado período. Mas isso
está longe de ser a garantia de sucesso de uma nação a longo prazo, em
termos de prosperidade. A conclusão é que a educação parece mais uma
fórmula mágica que falhou na entrega das expectativas.

Na
verdade, não é tão complicado entender a lógica disso. Quando o
ambiente é hostil ao empreendedorismo, quando os incentivos para o
investimento no futuro não estão presentes, e quando falta uma
competição meritocrática calcada no livre mercado, o indivíduo mais
educado ou irá migrar para um país mais favorável ou irá ceder aos
encantos da “amizade com o rei”. No primeiro caso falamos do conhecido
“brain drain”, onde vários indivíduos de bom intelecto partem para
países mais livres e com maiores oportunidades de emprego. Basta
lembrar da quantidade de cubanos, brasileiros e indianos com bom
preparo que migraram para os Estados Unidos. No segundo caso, temos
vários exemplos de que, quando o governo não cria as oportunidades
devidas para a geração de riqueza, o ensino perde valor, dado que as
atividades valorizadas são apenas as ligadas à redistribuição de
riqueza. Passar em um concurso público ou obter um favor político e ser
um burocrata compensa mais que disputar como engenheiro uma vaga no
setor privado.

A grande falácia dos que depositam fé messiânica
na educação imposta e financiada pelo Estado é que ignoram os
incentivos individuais, partindo da premissa estranha de que os
próprios indivíduos vão escolher algo pior para si. Ninguém mais que o
próprio pai vai querer o melhor para seu filho. Como acreditar que
políticos distantes, em busca de votos, vão realmente querer o melhor
para o indivíduo em si? Logo, se o pai prefere a ajuda imediata do
filho na roça em vez de investir na sua educação, é provavelmente
porque a educação tem um baixo valor esperado, e não compensa o custo.
Essa é a conclusão de estudos da própria Organização Internacional do
Trabalho. Forçar crianças a freqüentar a escola sem ter uma
contrapartida de valor esperado positivo para tamanho investimento
parece ser uma medida inócua.

Em outras palavras, criar gente
qualificada onde não há demanda por gente qualificada pode representar
um desperdício. Como exemplo sintomático, podemos pensar nos taxistas
engenheiros, ou mesmo em prostitutas com diploma, além da migração para
outros países, como já foi dito. Não pretendo com isso desmerecer o
investimento em educação. Ele parece ser fundamental, ainda que não
seja uma condição suficiente para o progresso. Mas a educação parece
estar longe de ser o milagre que muitos acreditam, como se bastasse
mais investimento estatal nesse setor para que um Brasil virasse uma
Suíça. Sinto dizer, mas não é o caso. Sem ambiente favorável aos
negócios, possível com maior liberdade econômica, teremos apenas
subempregos com diplomados. Mas o povo ainda será muito pobre. Afinal,
a educação, sozinha, não faz milagre.



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