Artigo
(Sonia Barbosa)
UM APOIO FRANCISCANO A Igreja com esse arcabouço de poder e autoridade espalhou em suas colônias, uma filosofia que foi e continua sendo contraditória, na medida em que prega o despojamento dos bens materiais para alcançar o reino dos céus e, ao mesmo tempo em seu interior, continua acumulando riquezas que advém de fontes pouco cristãs, ou seja, de transações mercantis ao longo da História ou mesmo, da escravização do trabalho. Quando S. Francisco de Assis optou pela pobreza, não foi compreendido nem mesmo pela sua família. Achavam-no um louco por despojar-se de bens materiais em favor dos pobres. E por aí trilhou toda a sua vida de sacerdócio, levando essa filosofia aos quatro cantos do mundo. Viveu ele, entre os séculos 12 e 13 e nem por isso, a sua pregação conseguiu nortear os caminhos da Igreja que ele tanto amava. Muito pelo contrário, ela continuou a influir nos destinos de tantos sistemas políticos e econômicos, através dos tempos. Até os dias atuais, a Igreja interfere na vida das pessoas, desde a micro - sociedade que e a família, até as outras instituições. Sempre ela está presente influenciando gestos, atitudes, relações. No entanto, essas influências muitas vezes não são explícitas aos olhos dos mais...humildes dos mortais. Os ventos sopram e com eles, mudanças ocorrem de toda a ordem. Exercitam-se novas visões de mundo, onde as pessoas são vistas como seres humanos e com direitos iguais perante a Deus. Esta prática filosófica franciscana é retomada pela Teologia da Libertação, que tem plantado tantos frutos na nossa América, triste e bela América Latina, onde os povos tem sido espoliados através dos tempos pelos poderosos e a Igreja – pregadora do ensinamento de Cristo – coloca-se ao seu lado, para mostrar que a maior virtude do cristão, é aquela em que se recebe o escárnio e o aceita como parte do sofrimento pelo seu pecado. Não é esta uma intervenção política na vida das pessoas? O aceitar sempre o que a vida oferece, sem ter o direito de saber o porque? Se todos são seres humanos e possuem os mesmos direitos diante de Deus, se almejam uma sociedade mais justa, onde esta prática possa ser realmente exercida, porque um religioso, seja de qual seita for, não pode falar, dar o seu testemunho de cristão diante do mundo que o cerca?Ele é a milésima parte desse universo como todas as outras pessoas o são, vivendo e sentindo como gente, tudo o que está à sua volta, positiva ou negativamente. E ele, tendo feito a mesma opção de S. Francisco pela pobreza, tem que ficar em profundo silêncio, testemunhando as injustiças que se abatem sobre os humildes, “aqueles que tem fome e sede de justiça, porque eles serão saciados”, segundo alguém que veio ao mundo plantar o amor e a igualdade entre os homens e que foi considerado subversor da ordem de César. Porque logo um religioso não pode optar e apoiar um programa que vislumbre o caminho no qual pautou toda a sua existência? Um religioso não é um eleitor como tantos outros? Ele não faz parte de uma sociedade em transição democrática? Por se estar ligado aos mais humildes na sua práxis diária, vivenciando o seu dia a dia, sente que existe uma esperança, ainda que seja mínima, de os homens olharem com olhos de sentimento cristão, aqueles que necessitam estar livres da opressão, do desamor, da desigualdade, para que juntos, possam construir um NOVO MUNDO!
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