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De Keynes a Galbraith: o papel das regras e das instituições
(Auricy Macedo)

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John Maynard Keynes não se interessava pelo que faz o capitalismo andar, mas sim por aquilo que poderia impedi-lo de caminhar. Keynes escreve entre as duas grandes guerras, justo no momento em que, na Inglaterra assim como na Alemanha, o sistema econômico apresenta sérios fracassos. Para ele, as dificuldades do capitalismo vêm do fato do mundo não ser governado de maneira que o interesse privado e o interesse social coincidam. O “laisser-faire" tende a um rendimento econômico ruim porque as decisões que cada empresa é levada a tomar para resolver uma dificuldade podem agravá-lo em vez de resolvê-lo. Segundo Keynes, se um produtor ou um país específico diminui os salários, enquanto que os outros não seguirem o seu exemplo, este produtor ou este país pode aumentar a sua parte no mercado. Mas se a redução dos salários é generalizada, o poder de compra da coletividade é reduzido na mesma medida que os custos, e ninguém consegue ficar em uma situação vantajosa. O “laisser-faire” conduz também a um rendimento social ruim, porque o atrativo pelo lucro e o amor ao dinheiro constituem a principal a força motriz da máquina econômica. O autor conclui que, em um sistema onde somente os mais eficientes conseguem se sair bem, onde as girafas que têm o pescoço mais longo comem todas as folhas disponíveis, não se deve negligenciar os sofrimentos daqueles cujo pescoço não é bastante longo e que, por conseguinte morrem de fome, nem tampouco negligenciar a super alimentação das girafas de pescoço longo e a angústia e avidez que deixam sombrios os olhares da manada.

O problema, segundo Keynes, é que os devotos do capitalismo são tão conservadores ao ponto que não conhecem a dimensão do problema, e rechaçam as reformas técnicas que poderiam realmente reforçá-lo e preservá-lo, de medo que estas se transformem na primeira etapa do abandono do próprio capitalismo. Keynes está convencido de que nenhum dos defeitos do sistema econômico lhe é fatal, sejam econômicos ou sociais, desde que as instituições específicas - de natureza monetária, bancária ou, no mais das vezes, financeira - e uma política econômica inteligente do Estado se esforcem para orientar as forças do mercado em direção do interesse coletivo. Ele variou no tocante às propostas, mas estas giram sempre em torno da idéia que, sem coordenação e sem regulação, a energia potencial do capitalismo é desperdiçada em pura perda.

Antes dele, John Rogers Commons, economista americano, tinha colocado a tônica, nos anos 20, sobre as regras coletivas e as instituições que facilitam a emergência de grupos sociais organizados: o nosso sistema econômico, dizia ele em 1925, em Legal Foundations of Capitalism, é caracterizado por uma diminuição da liberdade individual, imposta em parte por sanções governamentais, mas, sobretudo, sanções econômicas através da ação concertada - secretamente, semi-aberta, aberta ou por arbitragem - de associações, corporações, sindicatos e outras organizações coletivas de industriais, de comerciantes, de trabalhadores, de agricultores e de banqueiros. A “mão invisível” do mercado de Adam Smith é substituída cada vez mais “pela mão visível dos gerentes”, para retomar a expressão de Alfred Chandler, e, mais apropriadamente, pela mão visível dos grupos sociais.

Commons adianta que, após o capitalismo dos mercadores, seguido do dos industriais, abre-se o da estabilização, no qual regras e acordos temporários entre grupos sociais subordinam, em parte ou totalmente, os indivíduos à ação coletiva para criar a ordem para além da instabilidade. Trata-se, adianta, de criar antecipações favoráveis, ou seja, de reduzir a incerteza inerente ao capitalismo industrial, no qual cada um ignora o que os outros vão fazer. Cada um então é conduzido a seguir a risca os outros: frear quando os outros freiam, acelerar quando os outros aceleram.

Commons preconiza uma nova forma de governo democrático fundado sobre a ação coletiva de todas as classes sociais. O que lhe vale a simpatia de Keynes, que lhe escreve: “Não parece haver outro economista com o qual eu me sinta mais de acordo com a sua maneira geral de pensar”.

John Kenneth Galbraith, herdeiro desta corrente de análise verá a emergência “de um sistema industrial”, no qual o poder pertence “a uma tecnoestrutura” (conjunto de quadros dirigentes assalariados) capaz de dirigir racionalmente as engrenagens complexas dessa grande firma, numa espécie de planificação privada, freqüentemente em simbiose com o Estado, ao ponto em que “o que é bom para General Motors é bom para a América”. Assim, a evolução econômica conduziu, considera Galbraith, “à socialização da empresa evoluída”.



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