A Única estratégia de Retirada Restante
(Noah Feldman)
No princípio a intervenção americana no Iraque foi apresentada como um esforço necessário para trazer a paz a uma região bastante turbulenta do planeta. Os argumentos usados pela administração Bush de que Saddan Hussein escondia em suas instalações militares armas de destruição em massa provou-se falsa. Mas, se esse fosse realmente o motivo da ação militar empreendida pelos EUA, e se a derrubada de Saddam fosse um objetivo ainda mais necessário, com a conseqüente instauração de um governo democraticamente eleito pelo povo iraquiano, a missão estaria completa e uma retirada das tropas da coalizão militar liderada pelos EUA já poderia se dar de maneira satisfatória. Esse é o ponto de partida argumentativo de um belo artigo publicado na revista do jornal The New York Times neste 25 de Junho, artigo este escrito pelo professor Noah Feldman. No artigo, intitulado The Only Exit Strategy Left ( A Única Estratégia de Retirada Restante ), o professor Feldman argumenta que se no princípio o empreendimento militar levado a cabo no Oriente Médio teve a clara característica de ser pautado pela ação militar e o poderio efetivo dos aliados em garantir uma transição de regime da ditadura baathista de Saddan para um regime democrático, hoje está claro que a ação política seria muito mais produtiva e estaria bem mais próximo do possível. Na verdade, diz o professor, faz-se imperioso um esforço em fazer ver aos atores do processo de mudança de paradigma político no Iraque que um sucesso nesse empreendimento é crucial para todo o movimento político de democratização que a duras penas tenta florescer em outros países da região. E justifica essa tese justamente explicando o porquê de uma retirada agora não ser uma boa opção: o serviço ainda não está terminado. E, o que é mais importante, essa tarefa está muito mais nas mãos dos chefes políticos, religiosos e das várias etnias agora em conflito no Iraque do que nas mãos das tropas americanas. Em poucas palavras, não são os americanos que devem estabelecer um padrão de governabilidade e um nível de governança aceitável para então promover sua retirada. São os próprios iraquianos que irão chegar a um acordo e dizer ‘ não precisamos mais de seu auxílio, o País já tem um Governo estável’. Isso, essa opção pela via política pela auto-determinação do processo político iraquiano, essa tomada de responsabilidade devidamente comprometida com o melhoramento das relações seculares das diversas esferas do espectro político e social iraquiano não é uma escolha, sublinha o professor Noah Feldman, mas sim uma necessidade.
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