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A Palavra -expressão em conjunto de frações
(Carlos Iafelice Junior)

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A Palavra – Expressão do conjunto em frações


Quando nos comunicamos, temos nossa linguagem escrita ou fonada, nossa única forma expressar idéias e pensamentos. Pois bem. Você já imaginou que nossa única forma de comunicação pode ser falha e transmitir uma realidade falsa. Ou então, pelo contrário, entendermos como realidade aquilo que não deciframos, por assim dizer “neste código’ escrita /fala?
Numa pior hipótese isto mais que um problema pode vir a ser uma fonte geradora de falta de compreensão mútua, Convivemos com a incapacidade de denominar um conjunto de sensações ou idéias com uma palavra.Ou seja, o objeto em questão “surge como um todo” e só podemos expressá-lo fracionado. Este atraso, entre uma palavra descritiva e outra, pode ser a origem de problemas imensos, porquê não é o fato ou coisa que sendo descrita. È ela em partes.

Se quisermos expressar um grupo ou conjunto de 2, 3 ou mais sensações e idéias ao mesmo tempo. Pois bem, como se faz isso? Simples. Não há como!

Como exemplo :
- Você está sentindo o ar que respira, a roupa que toca sua pele e pensando se as chaves de sua casa estão em seu bolso. Pois bem. Qual a palavra que expressa isso? Não há. A única forma, é parte por parte, de forma fracionada (apesar do conjunto de sensações continuar existindo). Alguma coisa como : estou-sentindo-o-ar-que-respiro-e-a-roupa-qu e-toca-meu-corpo-e-tentando-me-lembar-se-esqueci-as-chaves-da-casa.
Mas,enquanto isso acontece e tento descrever o conjunto fracionado, um novo conjunto já se formou, impossibilitando portanto a comunicação em “tempo real”. Portanto o processo de fala e escrita não expõe o momento, mas coloca aquilo que “já foi”, como presente. Apesar se ser um atraso de segundos, esse pode ser um enorme problema, dependendo do que, para quê, e a quem se fala.

Veja uma ilustração desta idéia:
Acontecimento ou objeto real .........Como é expresso
(vários eventos simultâneos)
Bloco verde, de espuma, molhado, com detergente







Bloco verde,
de espuma
molhado
com detergente






Ou seja, o evento ou objeto ou sensação que ocorre no mundo real “simultaneamente” é expresso por palavras, num passo-a-passo que não corresponde à sua realidade “imediata”. Em outras palavras, o “real, o instante” fica fracionado em partes, portanto fragmentado e irreal.Mas é a única alternativa que temos de nos comunicar, ao menos hoje em dia.
Estranhamente, esse processo ocorria em algumas línguas extintas.Expressão de um conjunto, o imediato, em tempo real, sem atrasos que podem levar a mal entendidos de toda ordem (e conseqüente deformação da realidade que estão tentando nos passar).

É o caso da palavra “Sanvega” em Paly, língua que remonta milênios e a qual se tem a maior parte da tradição budista antiga, a tradição theravada.
Bem, voltando ao termo/palavra “sanvega”. Quase todos já ouviram a estória do príncipe Sidharta Gauthama ,que saiu dos limites das propriedades de seu pai, que tudo havia planejado para que ele nunca visse o mundo como é. E, ao sair, se depara com coisas que nunca havia visto à sua volta ; - a velhice, enfermidade e a morte. Pense como uma pessoa que nunca , desde que nascera se depararia com essa “nova” informação. Sem dúvida, um “alvoroço” interno ocorreria. E foi o que aconteceu. E esta sensação, ou melhor , este conjunto de sensações é a própria origem do pensamento budista. Para expressar o que ele provavelmente sentiu, há a palavra “sanvega”, que significa pelo imenso três conjuntos de sensações/emoções ao mesmo tempo;


1) Sentimento opressivo de choque
2) Consternação
3) Alienação.

Choque este de se deparar com o sofrimento, com o envelhecimento, com a separação, com a morte.Consternação, pois constatado essas verdades, sentir-se de mãos atadas, sem nada poder fazer a não ser assistir estes fatos. E finalmente alienação. Alienação essa de tentativa de achar um solução para estes problemas que permeiam, não só a vida do antigo príncipe , mas a de todos nós. Portanto , quem será que não sentiu “Sanvega” em sua vida?

Por falar neste assunto, conforme um breve comentário do monge budista Thanissaru Bikkhu, caso esse episódio estivesse ocorrido nos tempos atuais, seu pai provavelmente o levaria a um terapeuta, um psicólogo, ou talvez a um conselheiro espiritual (um padre, um pastor, etc...) como forma de entender que isso tido “são coisas da vida (?!?)”. E, é bem provável mesmo que isso acontecesse. Mas , conforme nós mesmos sentimos e sabemos, alguma coisa não estaria bem. É como uma avenida em que o rio continua a passar, só que está invisível numa primeira observação. Mas ele está lá, encanado passando por baixo de nossos pés e nos deixando desconfortáveis. Sentimos isso, vez por outra com nossos pensamentos e emoções. O sol brilha, os pássaros cantam, estamos numa viagem de férias, ou em algum lugar maravilhoso....mas, há alguma coisa que não está bem....Isso é o que a palavra “Sanvega” expressa, um conjunto, e não uma fração. Talvez fosse momento de ,”criarmos” termos para expressar os nossos mais sutis pensamentos e emoções que ficam “decapitados” pelo uso do vocabulário que temos. Talvez fosse isso que um dos criadores do Dadaísmo, Tristan Izar, queria dizer que uma forma de expressão era o grito. Quem pode saber.
Mas vale lembrar do “Sanvega”. Se vc se sentiu impotente, desconcertado com toda espécie de desconfortos emocionais, sem saber o que fazer e para onde ir, saiba que a mais de 4.000 anos, não só existia, como tinha até uma coisa que não temos hoje: Um termo, uma palavra que descrevia esse desconforto.



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