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Os olhos do Império: relatos de viagem e transculturação
(Mary Louise Pratt)

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Propondo-se a apresentar uma análise que relacione os relatos de viagens, resultantes de visitas e expedições européias à África e América do Sul, realizadas a partir de finais do século XVIII, com o impulso expansionista político e econômico operado pela Europa neste mesmo período, Mary Louise Pratt objetiva responder aos seguintes questionamentos:

"Como o relato de viagem e exploração produziu 'o resto do mundo' para leitores europeus em momentos particulares da trajetória expansionista da Europa? De que forma esta produziu concepções européias de si mesma, diferenciadas em relação àquilo que passou a ser possível denominar 'o resto do mundo'? Como tais práticas de estabelecimento de significado codificam e legitimam as aspirações de expansão econômica do império? Como elas se evidenciam?"


Igualmente, a autora se questiona sobre as resultantes, dentro e fora da Europa, da combinação entre as formas de conhecimento e expressão contemporâneos ao período e os relatos de viagem.
Assim, oferece ao leitor uma obra que é, ao mesmo tempo, um estudo de gênero e uma crítica de ideologia. Busca, porém, neutralizar o padrão usualmente totalizante de ambas as vias. No que respeita ao gênero, intenta identificar vertentes diferenciadas que a categoria relatos de viagem possa oferecer no período estudado. Com relação à ideologia, sua crítica deverá necessariamente se desenvolver fora do padrão laudatório - que evidencia os feitos heróicos deste ou daquele viajante -, bem como se distanciar da dicotomia entre subjugados e subjugadores culturais. Bem ao contrário: estudando como os relatos de viagens de europeus à regiões não européias promoveram a aceitação metropolitana do euroimperialismo emergente - mesmo por parte das classes menos abastadas, que dele não se beneficiaram diretamente -, a autora sugere a existência de um processo de retroalimentação cultural entre zonas periféricas e metrópoles.
Tal sugestão - que, para efeito dos capítulos considerados nesta síntese, refere-se à relação entre Europa setentrional e América do Sul - baseia-se na hipótese de que a metrópole, por considerar-se culturalmente superior, tende a não perceber as influências que recebe das áreas periféricas. Para melhor explicarmos esta hipótese, se faz necessário seguir as indicações de Pratt a respeito de conceitos que se farão presentes ao longo da obra.
Primeiramente, a expressão zona de contacto, que é o espaço colonial no qual se estabelecem relações - geralmente em circunstâncias de desigualdade e coerção - entre pessoas que haviam estado, até então, histórica e geograficamente separadas. É uma fronteira colonial que supõe colonizadores e colonizados, em relações uns com os outros através de entendimentos e práticas interligadas, senão mútuas, que acabam por gerar a transculturação.
Em segundo lugar, o termo anti-conquista, que se refere aos meios através dos quais a burguesia européia dos séculos XVIII e XIX assegura, à sua prática hegemônica sobre zonas periféricas, uma imagem de inocência - normalmente ao contrapô-la ao antigo sistema absolutista de conquista.
Finalmente, a autora apresenta o conceito de auto-etnografia ou expressão auto-etnográfica, que se refere à "instâncias nas quais os indivíduos das colônias empreendem a representação de si mesmos de forma comprometida com os termos do colonizador." Assim, os discursos não seriam formas autóctones de auto-representações - em grande medida porque coadunam, ainda que parcialmente, com a apropriação do vocabulário e valores do conquistador.
A partir do final do século XVIII, a América do Sul – tanto quanto a África – havia se tornado alvo de novas investidas expansionistas européias. Auxiliadas pelos movimentos de independência, que começavam a surgir em toda a América espanhola, tais investidas se caracterizariam pela exploração do interior. Este impulso, conforme demonstra Pratt em várias ocasiões, contou tanto com interesses econômicos – busca de novas fontes de matéria prima e merca demanda industrial européia -, quanto com novos parâmetros científicos. Trabalhando de forma conjunta, ou isoladamente, tais fatores iriam colaborar para o surgimento de um número significativo de relatos de viagem – cuja análise é o fim último da obra.

PRATT, Mary Louise. Os olhos do império: relatos de viagem e transculturação. Bauru, SP: EDUSC, 1999



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