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O Império Colonial Português (1415-1825)
(J.H. Plumb)

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Inicialmente, ao apresentar a obra de Boxer, J. H. Plumb faz um breve passeio pelos principais acontecimentos que marcaram a escalada do império marítimo português a partir da segunda metade do século XV. Assim, o empreendimento que iniciara com a chegada ao sul da costa africana e a colonização dos Açores atinge seu apogeu em meados do século XVI, quando o domínio português, tanto no que respeita à extensão quanto à importância comercial, não encontram paralelo na Europa.
Para Plumb, porém, é de fundamental importância pontuar não só a surpreendentemente rápida escalada deste império como, também, a vertiginosa queda que se seguiu. Assim, formula questões que têm sido, na sua opinião, motivo de "embaraço" (p.18) para aqueles que se dedicam ao tema: como pôde este Portugal - tão "pequeno, pobre e culturalmente atrasado" - ter conquistado, num primeiro momento, tamanho sucesso? E, por outro ângulo de igual importância: porque tão notável feito não foi potencializado a ponto de garantir que a grandeza de Portugal durasse mais que cinqüenta anos?
Avisando que a obra de Boxer evidencia mais ainda tais questionamentos - sem, necessariamente, fornecer-lhes respostas -, Plumb trata de apresentar sua própria análise sobre o tema. Na sua opinião, a força de Portugal residia, especialmente, no seu relacionamento com o mar. É na impossibilidade de explorar o comércio marítimo mediterrânico - já saturado pelos navegadores ítalos, árabes e hispânicos - e na destreza e engenhosidade exigidas por um Atlântico bravio, que o autor encontrará a gênese da excelência portuguesa em navegação.[1]
Para além das determinações de ordem geográfica, surgem aqueles aspectos ligados ao plano das mentalidades: a inegável curiosidade científica, seguida da competitividade entre os empreendedores, a cobiça e o fervor religioso. Uma combinação de forças que acabou por fornecer um modelo de expansão e conquista para toda a Europa. E, uma vez gerado numa Península Ibérica recém-saída do medievo e da Reconquista, onde a cruz e a espada operavam em harmonia, este modelo incluía o saque, a violência e a conversão.
No que respeita especificamente a Portugal, Plumb lembra que este modelo, após trabalhar em favor do enriquecimento da coroa, reacomodar algumas questões sociais e conferir um desenvolvimento momentâneo, foi logo substituído por outro:" (...) uma exploração rígida e ineficaz que se tornou cada vez mais inerte (...) " (p. 21). Ao mesmo tempo, a liberalidade personificada em D. Henrique - que permitira a contribuição de sábios muçulmanos e judeus na expansão marítima - foi substituída pela rígida mentalidade da Contra-Reforma e da Inquisição, acabando por interromper o afluxo cultural que caracterizara o século XV.
Ao que tudo indica, Plumb constrói um raciocínio onde a perda de hegemonia na arte da navegação - e a posterior decadência e apatia dela decorrentes - pode ser explicada, em grande parte, pelo racismo que se instaurou, no século XVI, na mentalidade portuguesa. Um racismo que, segundo o autor, foi alvo de negação por parte da historiografia - Gilberto Freyre incluso - para se ver revelado na obra de Boxer.
Apesar de louvar a capacidade de observação e registro dos portugueses, Plumb parece classificá-los, sob o ponto de vista cultural, como meros herdeiros de uma tecnologia já plenamente desenvolvida por árabes e judeus - o que explicaria, em última instância, sua queda após o acirramento da rejeição em relação a estes povos. Ainda que esta não seja a idéia pretendida pelo autor em sua introdução à obra de Boxer, ela acaba se revelando como a única tentativa de Plumb em explicar a derrocada portuguesa após o período de expansão, quando: " Um profundo conservadorismo uma profunda relutância em ajustarem-se a um mundo em evolução tornaram-se as características fundamentais dos Portugueses." (p. 21).



In: BOXER, Charles. O império colonial português (1415-1825). Lisboa: Edições 70, 1981. (pp. 17-23)

[1] É interessante notar que Charles Boxer irá, nesta mesma obra que Plumb introduz, questionar o predomínio do mar sobre a vida e a cultura portuguesa: " (...) não significa que os Portugueses fossem mais uma raça de marinheiros aventureiros do que uma raça de camponeses ligados à terra. Há três ou quatro séculos, a percentagem de indivíduos que saíam para o mar em barcos procurando a sua subsistência era certamente muito menor em Portugal do que nas regiões de Biscaia, da Bretanha, da Holanda Setentrional, da Inglaterra Meridional e de certas zonas do Báltico." (Boxer, 1981, pp. 35-36)



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