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Jornal do Brasil
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Marina Colasanti – o neo-realismo que chega a cavalo


A premiada autora Marina Colasanti escreveu o belo texto reflexivo, o neo-realismo que chega a cavalo. Tal texto é destinado a um público mais refinado, é preciso que estes leitores tenham a capacidade de distinguir analogias, bem como discernimento para tratarem com constantes idéias contrárias. Veiculado pelo Jornal do Brasil, onde Marina escreve todos os domingos, o texto pretendeu mostrar os contrastes entre sonho e realidade. Com o alto teor ideológico que se mostra por trás do neo-realismo, a autora tenta passar como fatos podem ser distorcidos, além de tentar despertar em alguns a necessidade de mudanças, ou seja, todos trabalhando juntos para a construção de uma sociedade melhor.

Falando de neo-realismo, lembramos que este foi uma corrente artística de meados do século XX, com caráter ideológico de esquerda, teve manifestações em diversas formas da arte, sendo uma delas o cinema. A autora inclusive cita como exemplo um filme do diretor Vittorio De Sica, e do roteirista Zavanttini, Sciusciá de 1946. Fazendo analogias com o filme, Marina passa a idéia do garoto pobre, que rouba um cavalo para cometer outro roubo. Porém este mesmo garoto é visto como alguém inocente, que poderia estar vivendo uma vida normal. Como o diretor De Sica, a autora tenta mostrar a inocência, por trás da violência, a realidade que pode ser transformar em ficção.

Durante algumas partes do texto a autora faz de maneira sutil vários alertas com relação a problemas existentes em nossa sociedade. Como o exemplo de Agnaldo, personagem de Colasanti, que espera na fila de um posto de saúde, a autora faz a pergunta: “o que mais se pode fazer em posto de saúde?” Aqui percebemos o problema da saúde precária em nosso país. “Que belo filme neo-realista De Sica faria com esse fato carioca, ele que em 1946 nos deu Sciusciá”, aqui ela afirma que tudo é relato de um fato carioca. Já quando Marina diz que “cor é luxo, e luxo nenhum cabe na nossa história”, temos a exata idéia de que não esta brincando, não é ficção somente, mas sim realidade. Ainda ao falar que o filme seria “em preto-e-branco, com uma textura úmida como se da água derramada em nanquim, ele desenharia o jovem que não desejava um cavalo, mas que o quis, porque um cavalo o levaria de graça até onde pudesse assaltar alguém e tomar-lhe um celular. Um celular com máquina fotográfica, como exigiam os bandidos do morro que lhe ofereciam 50 reais para consegui-lo”, Marina Colasanti aguça nossa imaginação para sabermos de que adiantariam 50 reais para aquele garoto, seria para sustentar a família?

Durante todo o texto a autora nos remete à reflexão. A relação entre todas a partes é perfeita, tudo se completa, se mostra necessário para a real percepção da mensagem. Marina Colasanti sempre tem o próprio neo-realismo como seu argumento, onde o garoto pobre, ladrão, pode até ser visto com um possível herói. Na analogia feita com outro filme, Dengue, onde o próprio mosquito Aedes Aegypt é o astro principal. Sendo este inventado pela autora para exemplificar, percebemos a subjetividade, na própria figura que esta impressa no centro do artigo, logo até os leigos já passariam a ter noção da forma pela qual o assunto seria tratado.

Testemunhas reais não foram percebidas na história, somente os próprios personagens, a vítima, Agnaldo Neves Medeiros, e o malfeitor, o garoto, o assaltante. Marina se utilizou bem do filme Sciusciá, como exemplo, forma de analogia. Todas a idéias contrárias foram tratadas com extrema naturalidade pela autora. Concluindo o artigo, ela mostra o desfecho da história de um possível filme, de De Sica, baseado em fatos acontecidos no Brasil: “A cena final mostraria o jovem sendo preso. Ao longe, pastando canteiros do Méier, o cavalo”. Este foi o final de um garoto, de um filme, mas retrata o final de muitos outros garotos, outros filmes.



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