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Linguagem, Educação e Adestramento num Contexto Cultural
(Ana Helena Goes)

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É certo que a linguagem se constitui em um instrumento básico de ordenação e significação no mundo humano, porém não se pode deixar de considerar que a linguagem é um fenômeno essencialmente social, produto das comunidades humanas. As significações se desenvolvem em conformidade com a maneira de ser de nosso grupo social, na realidade nossa “postura humana” é aprendida. Aprendemos a ser humanos: a perceber e a vivenciar o mundo como homens, através da comunidade. Fora de um contexto social não há seres humanos. Nos tornamos humanos por decorrência de um processo educativo que tem como veículo principal a linguagem. Por ela aprendemos a ordenar o mundo numa estrutura significativa e adquirimos as “as verdades” da comunidade onde devemos viver. Esse processo educacional é chamado por alguns autores de socialização.
A criança é socializada e adquire uma linguagem e, com ela, uma determinada forma de falar, pensar e agir, segundo a cultura em que está. Quando somos “socializados” aprendemos também o estilo de vida de nossa comunidade, vamos adquirindo o estilo de vida de nossa personalidade cultural. Em nosso mundo dito “civilizado” não há a uniformidade cultural existentes nas chamadas “culturas” primitivas onde há um saber comum que é transmitido indiscriminadamente de geração em geração. No Brasil podem ser identificadas subculturas diferentes, a cultura dos gaúchos é diferente da dos nordestinos, por exemplo, além de que em termos econômicos nossa sociedade se divide em classes: alta, média e proletariado. Essa divisão socioeconômica já gerou, inclusive, termos como: cultura de elite e cultura popular (ou cultura de massas). No decorrer do processo civilizatório, o conhecimento foi ampliando-se e na sociedade ocorreram divisões entre grupos e indivíduos. Tais divisões – fundamentalmente econômicas, baseadas na propriedade privada – implicaram também uma divisão social do saber. A sociedade passou a se dividida em castas ou classes, e o saber foi sendo repartido de forma desigual entre elas.
A escola foi definida como o local onde um determinado conhecimento básico é transmitido às novas gerações, o domínio dos símbolos gráficos, que as habilitaria a melhorar seu desempenho no mercado de trabalho. No início o acesso às instituições escolares foi quase que restrito às classes altas, já que o trabalho exercido pelas classes subalternas demandava não mais que um conhecimento prático do ofício. Ler e escrever, e o conseqüente domínio teórico sobre o mundo, era privilégio das classes dominantes. Com a Revolução Industrial, houve a necessidade de que a escola fosse franqueada também às classes subalternas. Isso porque a criação de técnicas mais sofisticadas exigia um maior conhecimento por parte dos trabalhadores, a fim de que seu desempenho se otimizasse nas industrias.
Ler e escrever passou a ser fator determinante para o manuseio das novas máquinas e para a melhor adequação nas modernas organizações. Com o advento da ciência (cerca de 350 anos) foi preciso dividir o mundo e a vida em áreas distintas, para um maior domínio e conhecimento mais aprofundado; surgindo novas especializações o homem e a sociedade passaram a ser repartidos “em fatias, e cada especialista se ocupa de uma delas. As escolas passaram a orientar-se para a transmissão do conhecimento objetivo, para a transmissão dos conhecimentos tidos como “universais”, tendo como função a comunicação de formulas científicas, com o objetivo de habilitarem o sujeito ao conhecimento racional do mundo e nele operar produtivamente. Dessa maneira a escola desde cedo separa razão e sentimentos, essa separação se justifica pela lógica que rege a moderna sociedade industrial, onde os indivíduos devem produzir numa ordem racionalista, sem que as emoções e os valores pessoas interfiram no processo produtivo. A educação passa a convergir com os interesses de um poder hegemônico que não se interessa pela existência de pessoas com uma visão geral – ampla e crítica – , procurando, em contrapartida, formar indivíduos com uma visão cada vez mais setorizada e especializada do mundo, estimulando a padronização do pensar, segundo os ditames da lógica de produção industrial.
Desse modo a educação acaba se constituindo num agente de adestramento, preparando pessoas para executar um trabalho parcializado e mecânico, no âmbito social, pessoas que preocupam-se apenas com o trabalho, sem perceberem como este se liga a todos os outros no interior da sociedade; quando a educação em verdade deveria “significar o auxílio dos indivíduos para que pensem sobre a vida que levam, que deveria permitir uma visão do universo cultural em que estão inseridos.



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