artigo
(Anthony Giddens)
A Emergência da Sociologia
Segundo Giddens, a Sociologia é uma ciência cujas raízes se devem procurar nas 'duas grandes revoluções': a Francesa e a Industrial. São as revoluções da nova classe social emergente - a burguesia -, que conquistando o poder económico se guinda ao poder político.
A primeira é a revolução da ideologia, das mentalidades; traz com ela os ideais de liberdade e igualdade universais. A segunda, significa o esbatimento das tradicionais formas de organização da sociedade. A ciência e a tecnologia caminham a par impondo um novo tipo e ritmo de desenvolvimento.
Os avanços da medicina, as melhores condições de higiene e alimentação fazem recuar a taxa de mortalidade, muito especialmente a infantil, provocando o crescimento demográfico. O êxodo das populações do campo para as cidades na procura de trabalho nas novas fábricas desencadeia uma urbanização repentina que se realiza à margem de qualquer plano.
Neste contexto, novos e complexos problemas surgem decorrentes das novas relações sociais. De sorte que urge encará-los na tentativa de os solucionar ou minimizar e, assim, nasce a Sociologia.
O progresso fundamentava-se na ciência, por isso é compreensível que os fundadores da Sociologia: Auguste Comte e mais tarde Durkheim pretendessem que a Sociologia deveria tomar como modelo as ciências naturais. Diz Giddens, “Comte acreditava que, se descobrirmos as leis que regem a sociedade humana, poderemos forjar o nosso próprio destino (…). Sua famosa fórmula prévoir pour pouvoir (prever para poder) expressa essa ideia.”
Ora, Giddens refuta aqueles argumentos . Na sua óptica, a Sociologia é uma ciência com um modelo de estudo diferente do das ciências naturais, porque “nenhum processo social é regido por leis inalteráveis”, dado que a natureza dos seres humanos não é a mesma da dos objectos materiais. Dá um curioso exemplo: porque os átomos não podem saber o que os cientistas dizem sobre eles, não podem mudar os seus comportamentos, ao invés dos seres humanos, que consciencializados de um erro podem emendar-se.
Para a análise sociológica é indispensável a consciência de que se registam diferenças entre as sociedades contemporâneas e as de outrora; de que houve e há culturas diferentes em espaços geográficos diferentes. Daí que a Sociologia recorra a duas ciências que estudam estes domínios: a História e a Antropologia. Com a ajuda desta última ciência se entende e se tenta ultrapassar o etnocentrismo, concepção esta que Giddens diz ser a que “adopta um ponto de vista da sua própria sociedade ou cultura como medida para avaliar todas as outras”.
Podemos concluir, apoiando-nos em Giddens, que a Sociologia é, então, uma ciência da modernidade que desponta na viragem histórica ocorrida nos séculos XVIII e XIX, que analisa criticamente a sociedade, verificando e expondo objectivamente os seus problemas, a fim de que possa compreendê-los, explicá-los, para, assim, influenciar positivamente os comportamentos sociais e, por isso, “a análise sociológica pode desempenhar um papel emancipatório na sociedade humana.”
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