O incremento do efeito estufa é uma conseqüência direta do desequilíbrio bioquímico na atmosfera do planeta, principalmente os fluxos, processos e reservatórios do ciclo do carbono. Ele é a principal forma pela qual o meio ambiente faz transferências e armazenamentos energéticos desta substância na natureza. Para equilibrar o processo de respiração, o carbono é transformado em dióxido de carbono (CO2). Outras formas de produção de CO2 são as queimadas e a decomposição de material orgânico no solo. Os processos envolvendo fotossíntese nas plantas e árvores funcionam de forma contrária. Na presença da luz, elas retiram o CO2, usam o carbono para crescer e retornam o oxigênio para atmosfera. Durante a noite, na transpiração, este processo se inverte e a planta libera CO2 excedente do processo de fotossíntese. Os reservatórios de CO2 na terra e nos oceanos são maiores que o total de CO2 na atmosfera. Pequenas mudanças nestes reservatórios podem causar grandes efeitos na concentração atmosférica. O carbono emitido para atmosfera não é destruído, mas sim redistribuído entre diversos reservatórios de carbono. Os outros gases causadores do efeito estufa (GEE), ao contrário, normalmente são destruídos por ações químicas na atmosfera. A escala de tempo de troca de reservas de carbono pode variar de menos de um ano a décadas ou até mesmo milênios. Este fato indica que o tempo necessário para que a perturbação atmosférica causada pela concentração do CO2 volte ao equilíbrio não pode ser definido ou descrito através de uma simples escala de tempo constante. Para se obter alguns parâmetros científicos, a estimativa de vida para o CO2 atmosférico é definida em aproximadamente cem anos. A utilização de uma escala simples pode criar interpretações errôneas. Desde aproximadamente 1850, a comunidade científica constata um aumento gradual da temperatura do planeta. Esta variação vem ocorrendo de forma natural durante milênios ou por vezes, durante décadas. Ao longo do último século, principalmente após a Revolução Industrial, os países começaram uma vertiginosa escalada de crescimento econômico o que gerou o aumento da demanda energética, não só em função das necessidades das indústrias em expansão, mas também por causa do crescimento da população mundial. A conseqüência mais direta é o aumento da temperatura média do planeta em função da concentração de CO2 , numa média de 0,4% anuais. Este aumento se deve principalmente à utilização crescente de combustíveis fósseis (petróleo, gás e carvão) e à destruição das florestas tropicais. O aumento da concentração de outros gases também contribui para o efeito estufa. O gás metano (CH4) e os clorofluorcarbonetos (CFC) também vêm aumentando rapidamente. O efeito conjunto de tais substâncias pode vir a causar um aumento da temperatura global estimado entre 2 e 6 ºC nos próximos 100 anos. Um aquecimento deste porte alterará os climas em todo o planeta e também aumentará o nível médio dos oceanos em pelo menos 30 cm, o que poderá interferir na vida de milhões de pessoas que vivem em países e áreas costeiras mais baixas. Precedentes ou Premonição? A cada ano todos sentimos as profundas mudanças que vem ocorrendo no clima global. Diante de nossos olhos incrédulos, assistimos a formação de furacões cada vez mais constantes e devastadores; chuvas torrenciais gerando grandes inundações e secas que já estão durando anos, agravando cada vez mais a fome nos países mais pobres. Os cientistas afirmam que é conseqüência do efeito estufa, fenômeno gerado pelos gases lançados na atmosfera. Com estas dramáticas mudanças, vários países, inclusive o Brasil, começaram a discutir e a desenvolver mecanismos que poderiam possibilitar novas opções para um crescimento econômico sem necessariamente a destruição da natureza. Então, no ano de 1972, realizou-se em Estocolmo, a 1ª Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente, fato marcante que inicioua mobilização mundial em defesa dos ecossistemas. Após Estocolmo, deu-se início a um vagaroso incremento da consciência mundial, tanto por iniciativa de cidadãos, quanto de governos. Todos cada vez mais voltados para as questões ambientais locais e globais. Em 1989, a Assembléia Geral das Nações Unidas (ONU) decidiu realizar a 2ª Conferência, que acabou se realizando em 1992. Dentre os muitos países que se candidataram para sediá-la, acabou vencendo o Brasil, que já procurava se firmar como um dos primeiros países em desenvolvimento a se preocupar com a causa ecológica. Foi realizada então, a 2ª Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD) ou ECO 92. No próximo artigo, detalharei a definição e os critérios do Protocoo de Quioto. Entre em contato com a autora, enviando críticas, sugestões e colaborações no endereço
[email protected]. A reprodução total e/ou parcial deste artigo está autorizada desde que se mencione a fonte e a autora. Bibliografia: -COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO. Nosso futuro comum. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1991. (*) Denise de Mattos Gaudard é consultora de Gestão Empresarial e Ambiental. Formada em Administração de Gestão Empresarial pela Universidade Santa Úrsula (USU-RJ); Pós Graduada em Economia pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ) e Comércio Exterior pela Universidade Católica de Brasília (UCB). Tem Especialização em Educação voltada para Meio Ambiente, na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e Gestão de Projetos no Project Manegement Institute (PMI-RJ). Participa do desenvolvimento de projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) e gestão de resíduos junto a prefeituras e empresas financiadoras parceiras. Escreve artigos sobre meio ambiente e MDL. Ministra cursos, participa de palestras, debates e seminários