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Kayak à vela
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O Mirage Tandem com vela é um 'achado' para qualquer um, tenha ou não experiência da modalidade. É a navegação reduzida à sua expressão mais simples: casco, mastro, vela, leme e... marinheiro!
Nunca tive qualquer afinidade com a navegação à vela, a não ser pelo meu avô materno que conheci quando já afastado daquelas lides e pelos raros registos fotográficos retidos na família, testemunhando a sua 'companha', as ásperas embarcações lavadas pelo sal, ajoujadas de redes e onde o velame parecia de lona. Talvez por isso, a perspectiva de velejar transportou-me ao ambiente do primeiro quartel do séc. XX, quando os primeiros 'gasolinas' em Portugal ainda eram alvo da ira e vítimas da destruição dos valentes, quanto receosos, 'lobos do mar', à semelhança do que sucedia nos países europeus do Norte.
Quase 100 anos depois, foi com um sentimento misto de curiosidade e atrevimento, próprio das crianças (ou próprio dos ignorantes, para os mais cínicos), que num caiaque, mais flutuante que estável, icei a vela aos ventos, senti o seu batimento incessante e as primeiras chicotadas da escota. Ainda atordoado pela novidade, passei-a pelo olhal da popa, e cassei a vela. Fez-se silêncio, mas acabou o sossego. Impelido pela brisa firme tive a sorte de não me voltar logo ali. Recomponho-me, oriento instintivamente o comando do leme e... estava a navegar. Foi em 25 de Junho de 2006.
Assim, com naturalidade e sem saber dar nomes aos meus gestos e às minhas decisões bolinei, virei de bordo, naveguei em mareação aberta, cometi erros, aprendi e, meia-hora depois, quando já me sentia 'o maior', a vela encheu com uma rajada, teimei em não soltar a escota e... voltei o caiaque! Primeira lição: respeitar a Natureza. Mas também compreendê-la e usá-la sem a violentar.
Em pleno primeiro 'naufrágio' a água fria, apesar do calor, obrigava-me a encarar a realidade. Devolver a navegabilidade à embarcação era uma prioridade, uma incógnita, afinal um desafio estimulante.
Comecei por recuperar o boné e sentir o conforto do colete flutuador. Sem pressas avaliei a situação. Constatei que o casco e a vela tinham rodado 180 graus. A sua imagem amarela, translúcida, estendia-se a pique até 3 metros de profundidade. A pagaia continuava ali fixa no seu lugar ao longo do casco voltado. Então procurei a parte central do bojo, saltei-lhe para cima transversalmente ao comprimento, segurei a borda oposta com as duas mãos e deixei-me resvalar para trás. Com a força do meu peso, todo o conjunto voltou à posição vertical, mastro e vela incluídos. A vela solta reiniciou a sua dança ritmada pelo vento, impávida e enxuta, como se nada tivesse sucedido. Só faltava eu reocupar o lugar. Guindei-me como pude e sentei-me a escorrer. Afinal fora mais fácil do que inicialmente pensara. Aliás, na verdade nunca tinha pensado que aquilo me poderia acontecer!

Agora mais nada me pode parar. Antes do fim de Setembro vou navegar 'à vista' ao longo da costa até que o sol se ponha. Imagens em http://kayak.do.sapo.pt/ (em construção).



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