A Era do Internetês
(Iza Calbo)
Beltrano - E aew? Fulano - Td blz? B - Vo sai com a mina flw? F - Flw vei B - Eh o pagodi? F - Sei naum...axu q vai ser difici de ir. Ta a maió barra Ki em kasa B - To no ork e vc? F - Tb. Vamu na lan hj? B - Sei naum. To duro. F - Oh kara, s desse eu pag p vc, mas... pô fica pa proxíma. B - Blz... vo fica off. F - Flw mas s encontrar com a Juli diz q mandei um bjo. B - Thau. F - Xau até dps.
Claro. Você é capaz de entender o que está escrito acima num diálogo hipotético entre duas pessoas denominadas Beltrano (B) e Fulano(F). O corretor automático, nesta breve troca de “informações” de um total de 105 palavras (incluídas Beltrano, Fulano e letras avulsas correspondentes a abreviaturas) detectou 33 erros. E olha que o “s” da antepenúltima linha passou desapercebido. Este é o português da nova geração. O chamado Internetês ou, para os mais otimistas, ciclo natural de mudanças evolutivas da linguagem. Ora, como podem estes internautas assistir a uma aula de português do Brasil, de língua brasileira mais exatamente, sem achar que o professor é um baita de um burro? E, quando o zero aparece no alto da prova, o aluno é tomado por um pavor sem limites. Afinal, ele “axava q” havia “fexado” (acertado) tudo na bendita, digo “maudita” avaliação. Bem, nesta rápida colocação, fica clara a subcultura ensinada pela maior rede de comunicação do planeta. Culpa de quem? Não se pode condenar apenas Bill Gattes. Muito menos transpor tamanha falta de familiaridade com a língua pátria para simples vícios de linguagem. O internauta tem preguiça de escrever. Desconhece o próprio idioma e, ainda assim, escreve o dia todo se dispuser de tempo. Esquece, desta forma, de utilizar a Internet como uma ponte para o aprendizado, aprimorando pesquisas em sites interessantes. Por falar em pesquisa, esta modalidade de exercício ou dever escolar, também mudou de ótica. Hoje em dia resume-se a abrir um site de busca, colocar uma palavra e selecionar um dos resultados. Em seguida é selecionar, tascar um ctrl + c e, depois ctrl + v. Após um remendo aqui, outro ali, alunos mais “espertos” ainda citam a “fonte” da pesquisa. E o professor recebe o material em CD-ROM. Nem precisa mais da cópia impressa. A menos que o mestre tenha sido vítima recente de alguma praga internáutica ou vírus como mais comumente são chamados. Caneta e caderno estão sendo aposentados. Em lugar de livros, muitas escolas adotam os módulos. Tudo na intenção de sintetizar. E os módulos, de fato, são bem sintéticos. Com pedido de desculpa a alguns, boa parte do professorado não sabe escrever e, portanto, não tem como cobrar ou corrigir. Hoje as faculdades à distância formam os mestres das salas de aula. Alguns levam a sério, mas muitos chegam a pagar para que outras pessoas façam seus trabalhos. E como o monitor, lá do outro estado do País, vai poder medir o conhecimento daquele “aluno”? Dando nota excelente a um bom escritor desempregado que, mesmo enojado, fez o trabalho na esperança da sobrevivência. Pois é. Não há mesmo muito a ser comentado. Temos que resumir ao máximo. A vida anda corrida demais. No entanto, a leitura seria um caminho para a escrita correta. Não a leitura de dicas de games, aonde o Internetês é empregado de cabo a rabo sem o menor pudor. Fala-se aqui da leitura de bons livros, pois há bons escritores dos clássicos aos contemporâneos. Pulem o carioca Machado de Assis (1839-1908), por exemplo, e leiam o conterrâneo deste, Jô Soares (nascido em 1938 e ainda vivo). Pois até clássicos internacionais como Os Três Mosqueteiros, do francês Alexandre Dumas (1802-1870), são vendidos como livros paradidáticos em versões reduzidas para evitar o cansaço do leitor ávido por ficar entre 10, 12, 14 horas diante da TV virtual que ganhou o planeta. Até os namoros, agora, são assim. O beijo perdeu o gosto e ganhou “gifs” (animações), evitando-se o mau-hálito por um lado e o lúdico das paixões por outro. Entendeu? Até o amor está encarcerado numa tela. Blz???!!! Aproveitee xD (uma carinha sorrindo). Fui!
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