BUSCA

Links Patrocinados



Buscar por Título
   A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z


A ÚLTIMA PALAVRA
(Stéphanie Giry)

Publicidade
Última Palavra‘Eu não sabia de nada’Depois de uma década de negociações com paradas e retomadas, um tribunal patrocinado pelas Nações Unidas começou finalmente a investigar o punhado líderes do Khmer Vermelho que ainda estão vivos no Camboja. Juízes esperam trazê-los a julgamento por crimes contra a humanidade, dentre outras acusações, no próximo ano. Mas muitos cambojanos estão céticos de que a justiça seja feita, antes que os guerrilheiros anciãos venham a falecer. A maioria dos líderes do Khmer Vermelho continua negando qualquer conhecimento de ou responsabilidade pelas estimativas de 1.5 milhão de mortes que aconteceram entre 1975 e 1979, quando as forças esvaziaram Phnom Penh e radicalmente reorganizaram a zona rural. Khieu Samphan, o presidente de Camboja durante o reinado do Khmer Vermelho, falou recentemente sobre o papel dele com Stéphanie Giry. Excertos:GIRY: Como você se tornou filiado ao Khmer Vermelho? KHIEU: Nos anos 1960, depois de editar um jornal progressista, eu me tornei um congressista e, por curto período, vice-ministro de Comércio. Eu apoiei o Príncipe Norodom Sihanouk, que defendia a neutralidade do Camboja, entre os Estados Unidos e Vietnã. Mas em 1967, após ter sido acusado de instigar uma grande revolta camponesa, fui forçado a me esconder no interior do País. O Khmer Vermelho já estava ativo por lá, mobilizando e organizando os camponeses. O movimento parecia como que o único caminho para o progresso social.Sua tese de Ph.D. escrita em 1959, defendeu a coletivização democrática do interior cambojano. Qual foi a sua relação com as políticas do Khmer Vermelho? Nenhuma relação. Era mesmo uma tese acadêmica, irrealizável. O líder do Khmer Vermelho Pol Pot pensou em mim como um intelectual patriótico. Um patriota, mas um intelectual - em outras palavras, incapaz de encabeçar a revolução. Quando eu lhe falei em 1975 que evacuar Phnom Penh indisporia as pessoas contra o partido, ele me comparou a Gorky que, afligido pela escassez de alimentos na União Soviética nos anos vinte, manteve o questionamento frente a Lenin.O que você pensava das muitas pessoas que estavam morrendo de fome na zona rural? Isolado como eu estava na sede em Phon Penh, eu não sabia nada do que estava acontecendo na zona rural. Eu sabia que as pessoas que tinham sido evacuadas de Phon Penh estavam sofrendo, mas eu não sabia que elas foram reduzidas à inanição.O que você sabia sobre as cerca de 17 000 pessoas (a maioria funcionários do Khmer Vermelho acusados de traição) que foram torturadas e executadas no complexo S-21 em Phnom Penh? Eu não sabia de S-21. Como você poderia ter sabido tão pouco, considerando sua posição? Meu título era puramente honorífico; eu não tinha nenhum poder para tomar ou executar decisões. Minha tarefa principal era manter as relações entre o partido e o príncipe. Também, o Khmer Vermelho era o mais secreto dos movimentos comunistas - absolutamente fragmentado, nenhuma comunicação horizontal. As poucas vezes que eu realmente fui para a zona rural, me encontrava acompanhando o príncipe em visita aos novos projetos de infra-estrutura, e eu vi somente o que a ele foi mostrado.Quando você percebeu finalmente que todas essas pessoas tinham morrido? No final de 1998, depois da morte Pol Pot e o colapso do movimento, quando finalmente eu tive a chance de falar com antigos combatentes e os quadros do Khmer Vermelho.O que você pensou? Eu fiquei oprimido. E então eu li e meditei muito. Entre 1975 e 1979, a população morreu principalmente de fome e doenças que existiam até mesmo antes do Khmer Vermelho chegar ao poder. A zona rural tinha sido arrasada pelos bombardeios dos EUA. A fome estava ameaçando Phnom Penh, que estava transbordando de refugiados. Até mesmo um relatório da Agência de EUA para o Desenvolvimento Internacional previra uma crise de alimentos. Condições tão horríveis e difíceis devem ter convencido Pol Pot a ir além da ortodoxia comunista, evacuando Phnom Penh e abolindo a moeda.Se hoje o Camboja estivesse mais como a China, a experiência teria valido a pena? Francamente, sim. O que acha você do tribunal que julgará os crimes cometidos durante o regime do Khmer Vermelho? Eu fiz tudo que pude para permanecer honesto para com meu país e contribuir para seu desenvolvimento e independência, e agora estou sendo acusado de genocídio. Eu não entendo. E estou seguro que a maioria dos cambojanos não entende, também. (Tradução da entrevista de KHIEU PAMPHAN à Newsweek, de 18 de Setembro de 2006)



Resumos Relacionados


- Honouring The Dead

- Highways To A War

- Angkor (an Introduction To The Temples)

- Descobrindo Os PaÍses...sudeste Asiático...sabia Dessas Curiosidades?

- Nils Petter Molvær



Passei.com.br | Biografias

FACEBOOK


PUBLICIDADE




encyclopedia