GAZETA DO POVO
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O HOMEM TEM O DIREITO DE MATAR EM NOME DA CIÊNCIA?Apesar dos milhões de animais já sacrificados em experimentos em busca da cura, as doenças humanas continuam a existir, algumas com índices cada vez maiores.Tudo começou no ano 500 AC., quando Hipócrates, relacionou pela primeira vez, aspectos de órgãos humanos doentes com o de animais para fins didáticos.Mais tarde, no final da Idade Média, a utilização de animais em experiências na medicina tornou-se padrão pelo racionalismo de René Descartes (1596-1650).Mais recentemente ativistas passaram a lutar pelos direitos dos animais e o assunto ganhou um viés ético, além do técnico, filosófico e científico. Há algum tempo, o tema vem sendo discutido nas salas de aula das universidades.Desde 1979 o uso de animais está proibido no ensino secundário, porém as Universidades contrariam a Lei de Crimes Ambientais (9.605/98) e utilizam animais para fins de pesquisa, pois por um erro metodológico, consideram este o único caminho ao conhecimento científico.Este erro metodológico nasceu com Descartes e foi consolidado pelo fisiologista francês Claude Bernard (1813-1878).O Promotor de Justiça Laerte Fernando Levai, autor do livro Direito dos Animais, diz que a utilização de animais em estudos pedagógicos, é, antes de tudo, um crime, pois os animais são submetidos à cortes, injeção de substâncias , queimaduras, indução de fome e estresse, a fim de que seus organismos possam ser estudados em busca de cura para as doenças humanas. Para o Promotor, tal prática pode ser enquadrada como crime federal, pois o artigo 32 da Lei 9.605/98 considera crime praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos. O Promotor diz ainda que , incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.O Biólogo Thales Tréz, professor da Universidade Federal de Alfenas (MG), diz que existe uma resistência por parte dos professores em buscar alternativas que substituam o uso de animais em experiências. O professor Thales é coordenador da Interniche Brasil, rede internacional dedicada a defender os animais. E já encontrou dezesseis estudos científicos de várias partes do mundo, os quais comprovam o desempenho igual ou comparável entre a utilização de métodos alternativos e o uso de animais., sendo que em alguns casos, as alternativas podem ser mais eficientes. A mudança para métodos alternativos requer a discussão de valores éticos e morais., pois os envolvidos devem primeiro refletir sobre o porque mudar e em seguida, como mudar.Gazeta do Povo – Domingo, 22 de Outubro de 2006
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