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O mal-estar na Civilização
(FREUD; SIGMUND)

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Nesta obra-prima, o pai da psicanálise aborda o maior paradoxo humano: por ter criado uma sociedade civilizada, o homem precisou reprimir seus instintos violentos. Para Freud, esses impulsos se não forem satisfeitos acabam produzindo neuroses e infelicidade. Como o instinto humano é, naturalmente, agressivo, e ao se libertar desse sistema repressivo, a tendência é a destruição do meio em que vive. O desenvolvimento do indivíduo, bem como da civilização da qual faz parte, somente são possíveis a partir do controle das pressões impostas ao homem. A vida é regida por dois princípios conflituosos, o princípio do prazer e o princípio da realidade, que também podem ser chamados de instinto de vida (Eros) e instinto de morte (Tanatos). Enquanto Eros tem como objectivo interagir na civilização de forma a aproximar os indivíduos, trabalhando em favor da vida comunitária, Tanatos age de forma oposta, ou seja, contra a civilização. Por encontrar-se alienado ao meio em que pertence, diante das imposições de uma sociedade repressiva, e sem a possibilidade de um ambiente que permita a total liberdade, o ser humano não encontra possibilidades de concretização da felicidade, entendida como a liberação das energias instintivas. Nada supera a felicidade em seu âmago, contudo a plenitude não existe, somente alguns momentos de satisfação temporária, consequência dos impulsos, sobretudo sexuais. Embora seja um animal racional, essa característica instintiva aproxima o homem de qualquer outra espécie, independente da escala a que pertença. Diante do conflitoentre o princípio do prazer eda realidade, várias análises podem ser consideradas, e a principal é a relação existente entre o amor, cujo poder induz ao indivíduo a necessidade de não querer privar-se do objecto de desejo, e a dor, ou seja, sensação desagradável causada principalmente em virtude da não concretização de uma relação interpessoal. As frustrações da vida sexual são precisamente aquelas que os neuróticos não conseguem tolerar, criando em seus sintomas, satisfações alternativas, e estas ou causam sofrimento, ou tornam-se fontes de sofrimento pela criação de dificuldades em seus relacionamentos com o meio ambiente e a sociedadeà qual pertence. A civilização, porém, exige outros sacrifícios, além dos da satisfação sexual. A dificuldade do desenvolvimento cultural implica uma dificuldade geral de desenvolvimento. A civilização depende de relacionamento entre um considerável número de indivíduos. Quando um relacionamento amoroso se encontra em seu auge, não resta lugar para qualquer outro interesse; um casal de amantes se basta a si mesmo; Em nenhum outro caso Eros revela tão claramente o âmago do seu ser; contudo, quando alcança isso da maneira proverbial, ou seja, através do amor de dois seres humanos, recusa-se a ir além. Até aqui, podemos imaginar perfeitamente uma comunidade cultural que consista em indivíduos duplos como este, que, libidinosamente satisfeitos só por si, se vinculem uns aos outros através dos elos do trabalho comum e dos interesses comuns. Se assim fosse, a civilização não teria que extrair energia alguma da sexualidade. Contudo, esse desejável estado de coisas não existe, nem nunca existiu. A realidade nos mostra que a civilização não se contenta com as ligações que até agora lhe concedemos. Visa a unir entre si os membros da comunidade também de maneira libidinosa e, para tanto, emprega todos os meios, favorece todos os caminhos pelos quais as identificações fortes possam ser estabelecidas entre os membros da comunidade e, na mais ampla escala, convoca o libido inibido em sua finalidade, de modo a fortalecer o vínculo comum através das relações de amizade. Para que esses objectivos sejam realizados, faz-se inevitavelmente uma restrição à vida sexual. Não conseguimos, porém, entender qual necessidade obriga a civilização a tomar esse rumo, qual é a necessidade que provoca o seu antagonismo à sexualidade. Deve haver algum factor de perturbação que ainda não descobrimos. A existência daagressão, que podemos detectar em nós mesmos e suporque ela está presente nos outros, constitui o factor que perturba nossos relacionamentos com o nosso próximo e força a civilização a um tão elevado dispêndio [de energia]. Em consequência dessa mútua hostilidade primária dos seres humanos, a sociedade civilizada se vê permanente ameaçada de desintegração. Evidentemente, não é fácil aos homens abandonar a satisfação dessa inclinação. Sem ela, não se sentem confortáveis. A vantagem que um grupo cultural, comparativamente pequeno, oferece concedendo a esse instinto um escoamento sob a forma de hostilidade contra intrusos, não é nada desprezível. É sempre passível de unir um considerável número de pessoas no amor, e outras nas manifestações de sua agressividade. Se a civilização impõe sacrifícios tão grandes, não apenas à sexualidade do homem, mas também à sua agressividade, podemos compreender melhor porque lhe é difícil ser feliz nessa civilização. Mas talvez possamos também nos familiarizar com a ideia de existirem dificuldades, ligadas à natureza da civilização, que não se submeterão a qualquer tentativa de reforma. Como vimos, na última fase do pensamento freudiano, o terreno social passa a ser representado como polarizado constantemente entre as duas lógicas – a da política e a da guerra, visto que os fundamentos do poder estão inscritos nas renúncias parciais impostas para os prazeres dos indivíduos e na regulação da vida social. Não há como fugir ao mal-estar e à neurose dela decorrentes. O que pode ser feito é reduzir esse desconforto mediante tratamento terapêutico adequado. Não haveria mais lugar para utopias, diante do conhecimento de que o ovo da serpente estaria sempre em gestação, potencialmente, no ventre de cada um de nós.



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