BUSCA

Links Patrocinados



Buscar por Título
   A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z


Lênin
(Oswaldo Coggiola)

Publicidade
Oitenta anos nos separam agora da morte do criador do partido bolchevique, fundador do Estado soviético, do homem, na simples definição de Eric Hobsbawm, "com maior impacto individual na história do século XX" (o que equivaleria a dizer, do ponto de vista puramente quantitativo, "na história do gênero humano"). Poderíamos acrescentar que, também, não existe em toda a história abismo maior entre a importância do personagem e a reflexão, de qualquer natureza, acerca da sua vida e obra. "A origem de todo o mal" Se, durante décadas, o panorama foi dominado por uma hagiografia "leninista" (na verdade, stalinista), em que homem era apresentado como uma espécie de predestinado, sem contradições, situado por cima da história concreta de seu tempo e de si mesmo, desde o fim da URSS (e ainda antes) o lugar foi ocupado por uma historiografia, e até uma "filosofia", que, sem trazer nenhuma contribuição, se apresenta como uma espécie de "fundamentalismo anti-leninista": ver, por exemplo, a obra, "baseada nos arquivos secretos [do PCUS]", do historiador Dimitri Volkogonov, onde afirma que "Lênin, o semideus venerado durante 62 anos, inclusive por mim, aparece não como o guia magnânimo da lenda mas um tirano cínico, disposto a tudo para tomar e conservar o poder... Lênin é o verdadeiro pai do terror vermelho, e não Stálin". Lênin teria sido, desde a sua primeira juventude, o portador de um projeto diabólico, o "partido leninista", que visava tomar o poder (para a intelectualidade? para o despotismo asiático "modernizado"?) e submeter à sociedade ao pior totalitarismo. Se um jovem russo de finais do século XIX tivesse sido capaz de prever a guerra russo-japonesa, a revolução de 1905, a I Guerra Mundial, a passagem da social-democracia internacional para o campo do belicismo imperialista, a revolução de fevereiro de 1917 (isto é, as circunstâncias históricas que possibilitaram a vitória do bolchevismo) mais do que um demônio, teria sido um oráculo. A domesticação impossível Caberia supor que o fim da URSS, ou o desprestígio universal do stalinismo, trariam uma visão mais "objetiva", mas isso não aconteceu. Já houve quem transformasse Marx em um precursor do Estado de bem-estar, ou em um profeta da "globalização"; Trotsky, num campeão da democracia contra a ditadura staliniana; Gramsci, num teórico das transformações pacíficas através da conquista gradual da hegemonia cultural; Che Guevar, num ícone da contra-cultura consumível e rentável: com Lênin, as operações de "resgate" parecem impossíveis, não há candidatos para a tarefa. Nada haveria de "humano" (capitalistamente humano) nele, não há "espectros" à la Derrida para serem invocados contra os excessos do (neo)liberalismo, apenas um cadáver embalsamado ainda religiosamente exposto à visitação pública. Lênin, a ameaça absoluta, a "origem do mal" (nas palavras de um panfletário pseudo-historiador francês). Lênin, o teórico do capitalismo agonizante, do imperialismo portador de guerras e revoluções, o político do partido, da ditadura do proletariado: sem essas premissas teóricas, sem esses instrumentos políticos, não há saída, todo o resto é ilusão; Lênin, a anti-ilusão personificada. Ao longo do tempo, a história do bolchevismo foi feita e refeita, ao calor das vicissitudes históricas: ela exemplifica, melhor do que nenhuma outra, a inexistência de uma história "imparcial", portadora de verdades absolutas ou conclusões definitivas. O desenvolvimento da história é o da constante re-interpretação do passado à luz da mudança do presente. Norberto Bobbio considerou o leninismo como "a interpretação teórico-prática do marxismo, em clave revolucionária, elaborada por Lenin num e para um país atrasado industrialmente, como a Rússia, onde os camponeses representavam a enorme maioria da população", atribuindo à "teoria do partido" de Lenin "claras raízes populistas" e situando-a simultaneamente como uma variante "esquerdista" do revisionismo bernsteiniano da virada do século.



Resumos Relacionados


- Livros E Vídeos Sobre The Doors E Jim Morrison

- Algumas Frases Sábias De Aristóteles

- Akinator

- Contos Populares Portugueses

- Chaucer E A Piedade



Passei.com.br | Biografias

FACEBOOK


PUBLICIDADE




encyclopedia