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Sebastianismo no Brasil e Portugal (parte 2)
(Lúcio Júnior)

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Bandarra, compartilhando com os seus compatriotas o entusiasmo pelo nascimento do “Desejado”, acrescentasse às suas trovas uma quadra ‘sebastianista’, que, naturalmente, falta na edição ‘joanista’ de 1644, mas ocorre em diversos manuscritos (...). Uma figura estranha e trágica , esse D. Sebastião! Atrofiado na sua vida afectiva (o que talvez se explique pela falta de ternura maternal na sua meninice), treinava-se, desde cedo, em exercícios físicos (era óptimo cavaleiro e bom caçador) e ascéticos (era piedoso e casto). Destituído de qualquer realismo, andava alheio às grandes necessidades da nação, como também ao espírito da época em que a Europa acabava de entrar (...). Extraviado, sonhava com actos de bravura cavalheiresca e com louros militares, sobrestimando as suas forças. Não se lhe pode negar certa grandeza e certo idealismo, mas essas boas qualidades eram comprometidas por grande dose de teimosia, fanatismo e egocentrismo.

A ambição do jovem rei teve conseqüências desastrosas. O seu exército foi destruído nos campos de Alcácer-Quibir . A pior desgraça foi o seu desaparecimento e a captura de milhares de prisioneiros.
D. Sebastião deu prioridade às conquistas africanas depois que os mouros tinham recuperado uma parte das praças-fortes do Norte da África. Como disse dele José Matoso:

Senhor da sua vontade, não encontrou quem soubesse evitar a sua ida a Marrocos em 1578. A sua valentia física e a preparação militar pessoal não lhe deram qualidades de comando em campo, de que precisava. Por isso se ficou na jornada de África.

A expedição no Marrocos encontrou várias resistências, inclusive de Filipe II de Espanha, que, no entanto, não fizeram o jovem rei mudar de idéia. Uma vez em África, sofreram uma fragorosa derrota, estando em falta de bons comandos, de meios e combatendo em inferioridade numérica. O próprio rei D. Sebastião desapareceu sem deixar descendentes, embora tenham surgido algumas pretendentes, como uma filha do imperador alemão, uma nobre francesa, uma castelhana da família dos Áustrias.
Em seguida ao desaparecimento de D. Sebastião, o país foi governado por uma regência, a do Cardeal D. Henrique, e em seguida veio o temido domínio espanhol. Portugal decaiu de império a país ocupado. O povo, órfão e incrédulo, criou a lenda sebástica.
A mitificação de D. Sebastião o tornou um símbolo de nacionalismo, um “estandarte da portugalidade”. Segundo Germano de Almeida:

Símbolo de patriotismo, a figura de D. Sebastião foi aproveitada pelo Estado Novo para exaltar os seus valores nacionalistas. O regime ditatorial derrubado em 1974 servia-se, na sua propaganda, da imagem de D. Sebastião, juntamente com a de D. Afonso Henriques - o pai da nacionalidade portuguesa - equiparando-os a Salazar. Estas três figuras apareciam como os “salvadores da pátria” (...). É arriscado definir sentimentos, mas pode dizer-se que o sebastianismo consiste no mito de algo de superior que, a qualquer momento, poderá chegar de um lugar incerto, para salvar tudo o que há de mau dentro da dura realidade.

Como a Espanha era uma potência, o domínio de Castela foi imposto no ano de 1581. Mas em Portugal um fenômeno acontecia. Ninguém vira D. Sebastião morrer. Ele simplesmente desaparecera. Em Portugal apareceram dois aventureiros dizendo ser D. Sebastião e outros dois vieram de fora do país, ambicionando o trono. Em vão: o domínio de Castela se impôs inexoravelmente. A vontade de ter um rei nacional não se apagara, no entanto:

Neste clima de nacionalismo extremado deu-se uma coisa notável. D. Sebastião, que durante a sua vida nunca fora uma figura muito popular, foi aos poucos reabilitado, apesar de ser o grande responsável pela perda da independência. Não só reabilitado, mas até mitificado. Durante sua vida não conseguira realizar o seu grande sonho de se ver coroado imperador da África. Depois da sua morte, a imaginação do povo metamorfoseou-o no Monarca mítico de um Império não menos mítico.



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