Poder e dinheiro acirram disputa eleitoral da OAB
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Nasser, Trad,Amarilla e Azambuja são candidatos na eleição mais disputada da OABOs advogados vão escolher, no próximo dia 17, a chapa que administrará a seccional sul-mato-grossense da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) pelos próximos três anos. A entidade durante muito tempo foi vigilante do poder público, cobrando respostas em relação ao nepotismo e desrespeito aos direitos humanos, por exemplo. Nos últimos anos, passou a atuar de forma mais corporativa. Quatro chapas disputam as eleições – um número recorde. Como cada uma delas é composta por 72 advogados, há 288 pessoas envolvidas diretamente na disputa. Os candidatos à presidência da OAB-MS são Fábio Trad, Newley Amarilha, Otton Nasser e Nery Azambuja.O número recorde se deve ao racha da situação em duas candidaturas. Tanto Trad quanto Nasser são integrantes do grupo político que venceu a última eleição com a candidatura de Geraldo Escobar para a presidência. O atual presidente declarou apoio a Trad, conselheiro estadual da ordem, e Nasser, vice nesta gestão, tenta correr atrás de votos para suceder Escobar. Embora oficialmente o racha na situação seja definido pelos candidatos como "da democracia", na prática não é bem assim. Trad e Nasser têm sido os responsáveis pelos lances de temperatura política mais elevada nesta campanha. Num debate na semana passada, Nasser insinuou que Trad é integrante de uma "oligarquia" (ele é filho do deputado federal Nelson Trad, irmão do prefeito Nelson Filho e do deputado estadual eleito Marquinhos) e devolveu chamando o adversário de "lacaio". O clima ficou tão pesado que a mediadora do debate teve de intervir e pedir calma."Os debates descambaram para as ofensas pessoais", admite Evandro Viana Bandeira, presidente da comissão eleitoral da OAB. Ele afirmou que a comissão tem conversado com os candidatos para pedir que o debate seja "conduzido dentro dos padrões de ética".Já as candidaturas de Newley e Azambuja – que no passado já estiveram juntos no grupo liderado por Carmelino Rezende – reforçam, além do debate da "partidarização", as críticas à gestão de Geraldo Escobar Azambuja.Se a independência da OAB acabou se tornando um tema recorrente nesta campanha, há um rosário de outros problemas que preocupam a categoria e turbinam os discursos. No último exame da Ordem, apenas um de cada três bacharéis obteve a nota mínima para poder advogar (foi a 8ª média entre 11 estados com prova unificada)– o que gera uma desconfiança plausível sobre a qualidade dos cursos de direito de Mato Grosso do Sul. Uma suposta diminuição do mercado de trabalho dos advogados – com a abertura para que o profissional seja dispensado em algumas causas, como as trabalhistas – também é outro ponto de destaque na disputa. O poder da OAB - O que está em jogo nesta eleição é quem será o novo gerente de uma estrutura gigantesca de prestígio político e dinheiro. De acordo com Geraldo Escobar, R$ 5,2 milhões passaram pelo caixa da entidade no ano passado. A maior parte do orçamento vem do pagamento de anuidade dos advogados e de taxas cobradas. Em 2005, a seção estadual recebeu uma ajuda de R$ 300 mil do Conselho Federal da OAB. O dinheiro é consumido basicamente no custeio de uma estrutura que está pulverizada numa sede e em 30 subseções no interior do Estado. Para manter a máquina funcionando, há 136 funcionários – 60 deles em Campo Grande.Um dos abacaxis administrativos da OAB é a inadimplência de seus filiados. De acordo com a entidade, a taxa média de inadimplência é de 38%. Este ano metade dos 7.256 advogados do quadro ainda não pagou a anuidade, mas o número deve cair significativamente nas próximas semanas. A eleição – Somente podem votar os advogados regularmente inscritos na OAB-MS e em dia com a anuidade (R$ 615). Quem estiver inadimplente pode quitar seus débitos até o dia da eleição na rede bancária ou na sede da entidade. O maior colégio eleitoral é Campo Grande com 4.256 advogados inscritos, mas de acordo com a comissão, tradicionalmentesó 6 em cada 10 advogados inscritos costumam ir às urnas. Para tentar reduzir a abstenção causada pela inadimplência, a OAB decidiu parcelar os débitos dos associados este ano. Quem procurar a Ordem até o dia 30 pode dividir a dívida em até 16 parcelas.Serão utilizadas 70 urnas eletrônicas cedidas à entidade pelo Tribunal Regional Eleitoral. Nas 30 subsecções da OAB-MS no Estado também serão realizadas eleições para as diretorias.O voto é obrigatório e quem não justificar a abstenção fica sujeito a uma multa de R$ 122 (20% da anuidade). Para justificar a ausência, os advogados devem enviar documento à OAB-MS explicando os motivos da falta.Diferentemente de uma eleição para cargo público, na OAB os candidatos não precisam apresentar previsão e prestação de contas dos gastos de campanha.
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