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Xu Xing: de Bicicleta pela China
(José Pedro Antunes)

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Em Pequim, maio começa com sete feriados, e a vida então floresce nas antigas colônias de trabalhadores. Entre acácias perfumadas, os homens jogam xadrês, enquanto as mulheres transferem o trabalho da cozinha para o ar livre e os jovens jogam peteca. Em meio à alegre azáfama, no porão de uma construção comum de tijolos, do tempo de Mao, vive o escritor Xu Xing. "Hoje é uma data feliz, o 6 de maio. Em todos os restaurantes festejam-se casamentos", esclarece Xu enquanto nos saúda. Assim, eles próprios, o escritor e sua parceira, prepararam a comida: ele, a carne de vaca cozida ao molho de soja e vinho de arroz; ela, uma iguaria de ovos e tomates, reluzente nas cores nacionais, o vermelho e o amarelo. Para acompanhar a comida, um chá verde, forte, que sai de cabaças de cerâmica marrom. Tudo isso, para acompanhar um bate-papo, que vai, da pergunta sobre como comprar legumes ilegalmente em Pequim, até a Dialética de Hegel. Facilmente se tem a impressão de que Xu se deleita com sua existência pequinesa. Ledo engano. "Para um escritor", diz Xu, tênis brancos, camisa Polo vermelha, a bicicleta na frente da porta da casa, "o mundo só pode ser horrível". Assim, depois que as cascas e pauzinhos foram tirados da mesa, ele fala de Thomas Mann e Franz Kafka. Mas por que também na China os escritores têm de ser infelizes? Neste ponto, Xu assume uma expressão de seriedade: Foram três anos de exílio na Alemanha, apenas para reconhecer que lá não domina o paraíso, e que a China não pode esperar que o Ocidente lhe ofereça soluções fáceis. Desde então, ele acredita que a China precisa dar continuidade às suas próprias tradições. Sem continuidade, não há futuro. Mas o que acontece? "O carro é um exemplo típico", ele explica, "todos alertam para as catástrofes no trânsito e no meio ambiente, mas as firmas automobilísticas do ocidente vão chegando e cada chinês compra um carro ocidental. Há que manter sob controle o demônio que está embutido nesse desenvolvimento". São opiniões pelas quais Xu, até aqui, não é conhecido. Pois dele se diz ser um autor sem opiniões – homem sem raízes, escritor sem mensagem, revolucionário sem objetivos. Mas nisso repousa também seu considerável prestígio literário na República Popular. Xu carrega o mito de ter sido o primeiro pós-moderno da China: associal, cínico, insultado pelo Partido Comunista como "pessoa inútil". Para tal, contribuiu o fato de que, desde o seu primeiro festejado volume de prosa ("Variações sem tema"; Pequim, 1985), Xu não escreveu mais nada. Agora, sem ter tido uma edição em chinês, este seu romance de estréia surge em alemão, depois de ter sido lançado em francês.



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