Filhinho da Fotógrafa
(Si Gammi)
Os caminhos que a gente percorre são os mais variados possíveis. Os fatos que conto a você aconteceram comigo. Ainda criança, até mais ou menos a metade da minha adolescência. Menino ainda, lá pelos 9, 10 anos, era o modelo preferido de minha mãe para as fotografias com bastante trabalho de luz. E foi nesta condição que um dia, junto a uma amiga dela, produtora de uma agência de publicidade, fui ser fotografado em um lugar chamado Horto Florestal, na Zona Norte da cidade de São Paulo, Brasil. Minha mãe era fotógrafa de uma agência internacional. Cobria artes na América Latina. Estava mais para uma atividade idílica do que profissão propriamente dita. Ganhava pouco. Mas seu trabalho com a lente era muito bom. Aos 9 anos eu era um garoto muito claro, quase não tomava sol ou andava descalço. O cabelo era comprido,à moda da época. E isso era especialmentebom para as fotografias pensadas pela minha mãe e pela amiga dela. Um fauno. A idéia era fazer a luz estourar na pele clara e deixar a mata meio na penumbra. Vendo as fotografias depois eu me achava um pelado radioativo. Nú mesmo. Mais de 300 fotos. Como ficaram boas, a amiga de minha mãe as inscreveu em um concurso internacional na Itália. Lógico, minha mãe sabendo, mas ne imaginava ganahr qualquer coisa que fôsse. Ganhou. Em mais de três categorias o primeiro lugar. Um segundo e dois terceiros. Mais de USD 3 mil. Na Itália as fotografias foram pubicadas em uma revista. Cerca de 80 fotos. Tudo bem não fôsse o fato de as fotografias serem minhas. Minhas e pelado. Um pelado brilhante no meio do mato. Com todas as partes vergonhosas aparecendo em destaques luminosos ornadas pela exuberante vegetação da mata atlântica. A felicidade da amiga de minha mãe, o contentamento dela mesma contrastqvam com minha indignação. Meu horror às fotos. O único consolo, embora alguns exemplares enham chegado até nós, é que a maior parte da tiragem estava do outro lado do oceano Atlântico. Portanto meu "peladismo" estava protegido dos amigos e da vizinhança. Mas alegria de pelado dura pouco. Na Bélgica, editores de uma revista também de arte fotográfica, encantados com o uso mágico da luz, contataram a amiga de minha mãe, àquela altura promovida a agente de minha mãe e de resvalo de meu "peladismo". Comprou os direitos de 40 fotos. E publicou. E até aí eu nem sabia das tratativas. Aqui na minha terra, o Brasil, diz-se que tudo demora ao menos 10 anos entre os acontecimentos do primeiro mundo e a nossa absorção. No caso da revista Belga, um ano bastou. Aqui, uma casa editora de arte fotográfica comprou 25 fotografias daquelas. Resultado. Um dia entro na minha sala de aula, já aos 11 anos, e percebi o movimento estranho. Um grupo de meninos e meninas em volta a uma revista.
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