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A Cidade Submersa no Lago
(José Pedro Antunes)

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_uacct = "UA-584410-1";urchinTracker();O poeta alemão Christian Morgenstern, autor do enigmático poema Canção Noturna do Peixe, um poema feito só de sinais de longas e breves espalhadas na página com a sugestão inicial do formato de um peixe, e é claro que o poema não poderia se esgotar assim em tal elementaridade visual, cunhou o vocábulo Zweisamkeit.

O que existe, dicionarizado, é Einsamkeit: o numeral eins, acrescido do sufixo formador de adjetivos sam, mais o sufixo feminino formador de substantivos keit. Die Einsamkeit equivaleria, assim, em português, ao substantivo solidão.

Zweisamkeit ficou sendo então, poeticamente condensada, a idéia de que duas pessoas, mesmo juntas, podem ser ou estar, e quase sempre são ou estarão solitárias, a ocupar o mesmo espaço com suas "solidões".

Para fazer troça, um dia cometi aqui no site, sugerindo que seria um título tipicamente usineiro, a palavra solidois. Não houve eco. Ninguém se atreveu a cometer o poema.

Dia desses, ao reler o artigo de um livro didático, que trazia exemplos de grandes autores no uso de sua capacidade poética mais livre que é a de fazer jogos com as palavras, fui saber da invenção, pelo poeta Christian Morgenstern, do substantivo Zweisamkeit, e me ocorreu então que eu mesmo havia proposto já uma tradução que ouso supor à altura desse acontecimento: solidois. Quase ia dizendo congenial a esse acontecimento.

Resta agora descobrir em que poema, ainda não adivinhado, se encaixaria o neologismo. Mas que não seja como título, pois banalizaria o efeito da sua entrada em cena, digo, na língua, pois anteciparia a sua descoberta pelo leitor. Um poeta, dizia um resenhista, deve se colocar sempre adiante do leitor, nunca posicionar-se antes dele.

Não me canso de refletir sobre esta formulação do escritor austríaco Peter Handke: O escritor atravessa em seu barco a superfície de um lago, e apenas adivinha, lá no fundo, uma cidade submersa. O tradutor atravessa em seu barco a superfície do mesmo lago, e pode ver, lá no fundo, as ruínas da cidade.



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