The Dialogic Idea as Novelistic Image
(Bakhtin; Mikhail)
A lucidez da loucura Acordei sobressaltado com um sonho esquisito: Eu não era eu e andava sem rumo... Olhei-me do alto e reparei que estava completamente desnudo andando por uma rua muito movimentada. As pessoas riam e eu tentava esconder minhas vergonhas e quanto mais escondia, mais ridículo parecia aos olhos de todos, sobretudo aos meus próprios olhos.
Quem tem medo da loucura? Eu não tenho! Talvez por isso mesmo jamais enlouqueça. Assim como entre o equilíbrio total do universo e o caos existe apenas uma tênue fração de milionésimos de segundo. Entre a loucura e a lucidez existe tão menos espaço e tempo. As inquietações são uma constante em nossas vidas e encará-las de frente sem subterfúgios, culpa ou indolência pode ser um dos meios de evitar a loucura ou o suicídio.
As pessoas se matam não tão somente exterminando de uma vez por todas a sua própria vida... Estes são os suicidas objetivos, práticos. Mas, a maioria de todos nós se mata um pouco a cada dia, quando se deixa violentar pela tragédia da inércia no pensar, ser e agir ou pela fuga constante, em não querer reconhecer a nossa doce e ridícula incompetência ante o imprevisível. Por que temer o que ainda não vimos? E por que se assustar com a sombra dos nossos movimentos? Assim criamos muitas vezes medo do medo, engessando projetos de toda natureza e transformando o amor em fraqueza ao invés de fortaleza.
Quando não nos matamos aos poucos, enlouquecemos aos poucos com as culpas múltiplas e com o medo de amar. Uma vez um poeta-músico disse que "O medo de amar é o medo de ser livre". Mas se amar verdadeiramente é deixar livre, o amor sem culpa ou desejo de “pagamento” também liberta a quem ama. A partir deste ponto o verdadeiro amor flui como água de nascente, prenúncio de todos os oceanos da terra.
Penso que a verdadeira compaixão nasce a partir da capacidade de enxergar que tudo e todos são possíveis em nossa existência. Daí surge uma resignação sadia. Porque também existe a resignação doentia aquela da autocomiseração que nos leva ao sentimento de inferioridade. Ser humilde não é sentir-se inferior. Assim como ter compaixão não é viver com paixão. Porque assim como o amor verdadeiro é incondicional e nos liberta a paixão serve de alimento apenas ao ego justificando muitas vezes a necessidade do alter ego. Seria como ter dois cavalos puxando uma única carruagem, ambos recebendo porções de ração desigual e com rédeas pendendo para lados opostos. Um único cavalo bem alimentado e centrado talvez fosse o suficiente para levar a carruagem ao seu destino.
Assim encaro-me de frente, tentando manter um só cavalo firme e consciente. Converso, discuto comigo mesmo. No esmo da vida sou um grande amigo meu, tenho compaixão por tudo e, sobretudo por mim mesmo. Às vezes em meio à multidão sinto-me isolada ilha, sozinho sinto-me muito mais que um. Alimento a cada segundo a capacidade de rir de mim mesmo. Um dia refletindo disse: Cara se você não existisse, eu inventaria você.
E entre a loucura e a lucidez mantenho um pé firme em cada um dos lados e penso que estou mais equilibrado que se mantivesse os dois pés em apenas um dos lados.
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