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O Mal-Estar na Civilização
(Lúcio Júnior)

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O título em inglês desse livro é revelador: A Civilização e Seus Descontentamentos. Freud tratou de tentar um paralelo entre a civilização e uma cidade, no caso, Roma, mas logo abandonou sua fantasia. Afirmou que é difícil fazer um paralelo entre a mente e os lugares e espaços; o cientista vienense principiou falando dos grandes homens e citou seu diálogo com um deles, o romancista francês Romain Rolland contestou Freud, dizendo que o essencial da religiosidade, que seria um sentimento oceânico. Freud comentou, ao contrário, que a unidade cósmica é uma tentativa de consolação religiosa, ou seja, é uma maneira de rejeitar o perigo externo reconhecido pelo ego. Na segunda parte, Freud desenvolveu a oposição entre o princípio do prazer e o princípio da realidade, causando frustrações e satisfações. Freud lamenta que a religião não seja superada pela ciência como visão de mundo. Ele acreditou, ou melhor, torceu para a superação dessa relação infantil que seria a religião. Para Freud, na religião tudo é tão patentemente infantil, tão estranho à realidade, que, para qualquer pessoa que manifeste uma atitude amistosa para com a humanidade, é penoso pensar que a maioria da humanidade provavelmente jamais superaria essa fase. Nesse texto, Freud aceitou que a questão da religião, na vida humana, aparece oferecendo-lhe um propósito, um sentido, que de outra forma ela não tem. Freud julgava essa questão uma pretensão humana. Freud passou logo a uma questão que depois iria retomar no texto: a possibilidade da felicidade. A civilização representou a troca da segurança pela felicidade. Conforme o conceito de civilização de Freud, os índios brasileiros estariam na barbárie, supomos. Numa certa altura, ele referiu-se à civilização superior, algo que aparece como o mais grave problema desse texto, a meu ver: ele não se preocupou em conceituar civilização, já passando a teorizá-la como se fosse algo preestabelecido. E nessa passagem ficou claro que a civilização é a civilização superior, a européia à qual pertence aquele que escreveu o texto. Um dos grandes problemas da civilização é que nossa vivência do sofrimento é tênue, enquanto o sofrimento é algo bem mais fácil de experimentar. Ele teria basicamente três fontes: 1) nosso corpo e suas fragilidades; 2) o mundo externo ao nosso corpo; 3) nossos relacionamentos. Existem várias maneiras de evitar o sofrimento, o que faz com que busquemos a felicidade na quietude, ou lutemos com todos pelo bem de todos ou, finalmente, evitemos o sofrimento influenciando o nosso próprio organismo, ou seja, nos intoxicando e não sentindo o nosso sofrimento, uma vez que ele é basicamente sensação. Em pelo menos um estado patológico, a mania, um estado semelhante à intoxicação surge sem administração de qualquer droga intoxicante. A felicidade, para Freud, é basicamente a satisfação do instinto. A não-satisfação do instinto é o contrário da satisfação, do bem-estar e da felicidade. A atração das coisas proibidas é por ele explicada como sendo a atração de satisfazer os instintos não domados. A arte nasce da sublimação dos instintos. A satisfação que advêm da arte não convulsiona o nosso ser físico como os impulsos grosseiros e primários. O trabalho, mesmo quando seja cultivando o nosso jardim, pode desempenhar o mesmo papel, ou seja, ele fixa a pessoa na realidade. Freud deu um papel muito importante à sublimação do instinto, um aspecto particularmente evidente do desenvolvimento cultural. Ela é que torna possível às atividades psíquicas superiores, científicas, artísticas ou ideológicas o desempenho de um papel importante na vida civilizada. Para o homem civilizado, o amor sexual (genital) lhe proporcionava as mais intensas experiências de satisfação, fornecendo-lhe, na realidade, o protótipo de toda felicidade, sugerindo realmente que o erotismo genital se tornasse o centro da vida. Um dos grandes enigmas com os quais Freud se deparou nesse texto foi o amor genital e seu conflito com a civilização. Não era clara, para Freud, a razão pela qual a civilização reprimiu tanto a sexualidade. Freud insistiu, em vários pontos desse texto, na forte inclinação do homem para a agressividade. Polemizou com outros materialistas como ele, os comunistas, que, a seu ver, estavam equivocados ao imaginarem que, suprimindo a propriedade, esse impulso para a agressividade acabaria e o homem se mostraria bem como ele é na realidade. O sentimento de culpa seria uma espécie de foram que a sociedade tem de por em ação contra o ego essa agressividade rude que o ego teria gostado de satisfazer sobre outros indivíduos. O sentimento de culpa era a conseqüência dos atos de agressão de que alguém se abstivera; em outro, porém, exatamente em seu começo histórico, a morte do pai, constituía a conseqüência de um ato de agressão que fora executado. A instituição de uma autoridade interna, o superego, alterou radicalmente a situação. Para Freud, algumas dificuldades dizem respeito à natureza da civilização e não têm solução fácil. Até mesmo uma época pode ser tida como neurótica, portanto.



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