Artigo
(Tico32)
Michel Foucault: Razão e loucura Não há nada pior do que uma vida sem saída ou sem controle. Não há nada mais profundo que esse estado da alma. Não há nada mais visível aos olhos da sociedade do que as manifestações de loucura. Na verdade não há um só, mas um outro que faz tudo em nosso nome. Por que nasceria um outro dentro de nós? Podemos perguntar. Foucault responde que não passa de ilusão. Seria, o outro, mais uma das invenções do próprio homem? Ou Freud haveria mesmo descoberto este outro na figura do inconsciente? Ele pode ter Inventado ou descrito, mas não conseguiu explicar por que há um outro em nosso interior, se é que esse intruso existe efetivamente dentro de nós. É com o Filósofo Michel Foucault que razão e loucura são mostradas como uma peça de teatro, um espetáculo no ocidente. O homem anda de um lado para outro, desequilibrado, em busca da identidade! Anseia por respostas, mas nada consegue encontrar. Há um instante em que ele não é, ou o que é se escapou de si mesmo. Perde-se nas próprias ações e não sabe como justificar seu desvio de conduta na esfera social. Sente a necessidade de justificar. Mas sua ignorância não detecta muitos caminhos onde ele possa encontrar satisfatoriamente uma resposta. O caminho encontrado ainda é estreito e sem luz. Dessa maneira, não é possível questionar verdadeiramente, não é possível se defender nem se armar. O questionamento não acontece, embora o homem imagine que isto ocorra. Por isso para Foucault a figura do teatro. No teatro não se questiona sobre a verdade. O homem apenas se curva para se confinar em uma caverna sombria. Mais uma vez a resposta pode não se identificar com a verdade. Ele constantemente faz coisas que o leva a questionar sobre a própria sanidade. Ele mesmo se compreende como outro na medida em que afirma a impossibilidade de ter sido o autor de uma ação desastrosa. Porém, nunca um homem conduz a própria vida ou só cometendo erros ou só acertando suas ações. Depreende-se desse pensamento que, todo homem viverá um dia momentos de loucura, abandonando sua lucidez alicerçada na razão. Mas, o que seria estar verdadeiramente louco? A loucura aparece quase sempre como explicação sobre o porquê de nós agirmos de forma tão diferente do modo como a sociedade estabeleceu doutrinariamente. Porém, nesse sentido, a loucura se aproxima muito mais da moral do que de uma espécie de doença. E a loucura levou muito tempo para ser reconhecida como doença, enquanto esteve misturada a outras formas de erro. Assim mostra Foucault em sua História da loucura, um livro de 1961. Ainda hoje há uma dificuldade, em determinadas circunstâncias, de classificar a ação humana em termos de doença ou em termos de falha moral. Quem não conhece a confusa relação entre crime e loura? Quantos crimes se confundem com loucura? Quanta ação criminosa é defendida como ato insano? Se a resposta sobre o que é a loucura ainda não se mostra satisfatória, como julgar uma conduta criminosa como patológica? Se algum especialista em patologia forense pudesse nos explicar quais os critérios utilizados para esta distinção, ficaríamos mais tranqüilos. Todavia, penso que haja por trás dessa questão uma crença. Somos levados a pensar que o homem, através da razão, tem o domínio sobre suas ações no decorrer da vida. O que teria levado a esta confusão de não se saber bem a hora de classificar o erro ou como loucura ou como as outras formas ligadas à conduta moral? Primeiramente, não se sabe bem o que é a loucura, não há uma clareza para se distinguir uma ação considerada insana, de uma ação humana que tenha violado as leis morais que regem uma sociedade. Por outro lado, o homem pensa saber muito bem o que é a razão, e a partir de seu parâmetro insiste em julgar o que é a loucura. E o que se tem hoje como legislação, nesse sentido, é como sempre uma necessidade de manter a sociedade em paz e nem sempre uma ciência de fato. Tanto a razão quanto à loucura podem ser um mito, uma invenção antiga do homem. É o que nosmostra Michel Foucault. Como ele disse no livro dedicado à loucura e à crítica a racionalidade moderna, "uma fundamenta a outra", isto é, a razão e a loucura se ancoram para existir.
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