SUPERDOTADOS TAMBÉM TIRAM NOTAS BAIXAS!
(FABRÍCIO MÁRCIO BARROZO FEITOSA)
O que a maioria das pessoas imagina, quando se fala em crianças superdotadas, são aqueles geniozinhos típicos de filmes norte-americanos da sessão da tarde, que tiram notas fantásticas e constroem computadores para as feiras de ciências. A realidade, porém, pode ser bem diferente: os superdotados são pessoas comuns, que também tiram notas baixas e muitas vezes nem conhecem seu potencial.Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Psicologia (IP) da Universidade de Brasília (UnB) com pré-adolescentes e adolescentes de baixa renda no Distrito Federal, Brasil,revela que o rendimento escolar de superdotados é similar ao dos outros alunos. O trabalho mostrou, inclusive, que esse desempenho pode ser ruim, pois 42% dos superdotados que participaram dos estudos já reprovaram ou estão defasados em relação ao ano letivo. No caso dos outros alunos, esse número chega a 50%.Esse dado é atribuído a fatores como dificuldades socioeconômicas, tédio do estudante, má organização do currículo escolar e preparação dos professores. O superdotado de baixa renda encontra dificuldades muito maiores e têm realidades diferentes daquelas vividas pelos mais abastados, o que reflete diretamente em seu rendimento escolar. Muitos têm de trabalhar e estudar, dependem de várias conduções diariamente e não encontram na escola pública um ambiente rico em recursos sócio-culturais que respondam às suas expectativas. Eles acabam não tendo condições de explorar seu potencial e ficam frustrados.Justamente por causa do desempenho acadêmico insatisfatório, muitos superdotados passam despercebidos. É necessário um olhar mais apurado para perceber o potencial dessas crianças e dar um acompanhamento correto. Dos 67 alunos matriculados na turma especial para superdotados, apenas 14 eram menos favorecidos. Mais retraídos e com baixa auto-estima, esses talentos podem ser perdidos se pais e professores despreparados não entenderem que notas baixas não significam falta de capacidade. Já existe um programa do IP voltado a dar orientações a pais de crianças superdotadas. Porém, falta informação, tanto a pais quanto a educadores, para detectar os meninos talentosos. FAMÍLIA QUE INVESTE - Oque acompanhou por dois anos 14 famílias de superdotados e outras 14 de alunos não-superdotados matriculados no ensino público fundamental e médio. Durante o estudo, a psicóloga constatou alguns pontos importantes para entender a formação das crianças talentosas. Traços presentes na criação dos superdotados indicam que a participação da família é preponderante na evolução de seu potencial. As famílias de superdotados investem mais no seu desenvolvimento. Esses pais oferecem recursos materiais para o aprimoramento do potencial da criança, dedicam-se mais ao filho e vêem a educação como prioridade em sua formação. Eles fazem sacrifícios para oferecer à criança as condições de desenvolver suas habilidades.
Saber como funciona a estrutura familiar é indispensável para entender como uma criança desenvolve sua superdotação. É necessário que o talento da criança seja estimulado para que este potencial possa emergir. O que determina um superdotado é ter habilidades acima da média em uma ou várias áreas, acadêmicas ou artísticas, ser criativo e extremamente motivado. Assim, a inteligência cartesiana não basta: é necessário um apoio externo. QI alto não significa superdotação. Pelé é um superdotado em sua área, mesmo que na infância tenha tirado notas péssimas em matemática.PAIS APRENDEM A LIDAR COM FILHOS TALENTOSOS - Dar informações atualizadas sobre superdotação e abrir espaço para a troca de experiências entre pais de crianças talentosas é a proposta de um programa iniciado no ano passado pelo Instituto de Psicologia (IP) da UnB. O Serviço de Apoio Psicoeducacional a Pais de Alunos Superdotados e Talentosos pretende orientar os pais que vivenciam realidades especiais em suas casas. Os superdotados têm necessidades específicas e muitos pais sentem falta de um apoio paralidar com suas inquietações.
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