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Artigo sobre Platão
(Tico32)

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Entre verdades e ilusões: leitura breve sobre a alegoria da caverna de Platão


A reflexão filosófica entorno da realidade cindida entre verdade e ilusão é uma das passagens mais ricas dos diálogos de Platão. No Livro VII de A República, o tema é abordado de forma a caracterizar a condição humana entre o estado de sabedoria e de ignorância. A Alegoria da Caverna se mantém presente e com força de persuasão indiscutível pelo efeito do discurso produzido a partir das personagens: Sócrates e Glauco.
Discurso que coloca a verdade, de um lado; e as ilusões, de outro. Mas é Sócrates quem conduz a reflexão, tendo Glauco como um interlocutor num estado bem mais passivo em termos de colocação de idéias. Talvez, como se, para Platão, uma das personagens, Sócrates, representasse a sabedoria, enquanto seu interlocutor, Glauco, fosse ainda o escravo a ser libertado de suas correntes de dentro da caverna.
No início do diálogo, Sócrates diz: "...imagine a maneira como segue o estado da nossa natureza relativamente à instrução e à ignorância". O propósito já desde o início do diálogo é mostrar um quadro obscuro onde a humanidade é mantida cativa por ignorar a realidade entendida como verdadeira e, por isso, permanecendo, os homens, acorrentados, escravos das ilusões. Presos às imagens ou sombras projetadas no fundo da caverna e ignorantes dos objetos reais que constituem o fora da caverna.
Na voz de Sócrates, os homens vivem desde a infância num estado de ignorância, como se estivessem no interior de uma caverna, acorrentados, "de modo que não podem mexer-se nem ver senão o que está diante deles, pois, as correntes os impedem de voltar a cabeça". Imersos nesse lugar onde prevalecem as ilusões, e não o teor da verdade, os escravos desconhecem a possibilidade de poder contemplar os objetos reais no exterior, onde estão as mais diversas coisas que provocam as sombras no interior da caverna. Isto é, "estatuetas de homens e animais, de pedra, madeira e toda espécie de matéria..."
Sócrates sugere que seu interlocutor imagine, na caverna, uma abertura para a passagem da luz, e que um fogo, é capaz de projetar tudo que se movimenta numa estrada que fica entre a luz e os prisioneiros. Um muro se presta como divisória entre os dois mundos, o mundo real e exterior à caverna, e seu interior, onde a ignorância sobre a verdade encobre a sabedoria e escraviza o homem desde o nascimento. Como diz Sócrates, os homens que transportam os objetos, ou seja, aqueles que labutam na linha entre a sabedoria e a ignorância, no "muro", têm dois tipos de comportamento: uns permanecem em silêncio enquanto outros falam. E Sócrates afirma que há uma semelhança entre ele, seu interlocutor e esses homens. Que tipo de semelhança seria essa?
No interior da caverna os homens estão acorrentados, não podem volver a cabeça, olhar para o outro escravo diretamente, olham apenas as sombras de outros escravos e nunca a realidade, o homem real; assim como também não tem contato com os objetos reais que a luz do fogo reflete no fundo da caverna. O sentimento de Sócrates de participar da ignorância junto a toda a humanidade é claro.
Sócrates não conhece Glauco, por exemplo, senão como aparência, e vice-verso. Enquanto não se conhece a essência, a verdade que estaria por trás dos objetos, é como se toda a humanidade estivesse contemplando imagens no fundo de uma caverna, escravo das aparências. Diz Sócrates. Mas se acontecer de um desses escravos se libertar das correntes, como conta Sócrates, se forem libertados das suas cadeias e curados da sua ignorância.
Acostumados com a sombra, com a escuridão da caverna, de imediato não suportariam a luz e tratariam as sombras como algo de mais realidade que os próprios objetos em sua natureza mesmo. E aquele que primeiro se libertou, que foi curado da sua ignorância. Sócrates diz: Não achas que ficará embaraçado e que as sombras que via outrora lhe parecerão mais verdadeiras dos que os objetos que lhe mostram agora? Glauco concorda com seu interlocutor.
O diálogo de Platão demonstra a possibilidade de uma passagem do estado de ignorância a estágios cada vez mais próximos da verdade, quando o antigo escravo torna-se pouco a pouco um sábio. Levado a contemplar os objetos reais fora da caverna, mesmo que à força, numa tentativa desesperada de mostrar a verdade ao escravo e distanciá-lo de todo tipo de ilusões. Começará por distinguir mais facilmente as sombras; em seguida, as imagens dos homens e dos outros objetos que se refletem nas águas; por último, os próprios objetos. Depois disso, poderá, enfrentando a claridade dos astros e da lua, contemplar mais facilmente, durante a noite, os corpos celestes e o próprio céu do que, durante o dia, o sol e a sua luz".
No entanto, além de demonstrar as possibilidades, o diálogo também versa sobre os entraves que faz com que muitos humanos permaneçam ainda no estado de ignorância. O escravo que conquistou sua liberdade do estágio de ignorância lamenta pelos que ficaram no âmbito da caverna. Mas entre eles também há quem defenda a necessidade de ali permanecerem, e a disputa entre a ignorância e a sabedoria vigora sempre que o liberto decide retornar à caverna por compadecimento a seus semelhantes.
BIBLIOGRAFIAPlatão. Inicio do Livro VII In: A República de Platão. (Trad. Erico Corvisieri) São Paulo: Nova Cultural, 1999. (Col. Os Pensadores). Disponível no site: www.pessoal.onda.com.br/philosophia



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