Folha de Sao Paolo
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Nesse país só se paga imposto. Eu, como assalariado, preciso trabalhar seis meses para pagar para o governo, e percebo, vejo, que não acontece retribuição nenhuma do meu esforço para a sociedade brasileira. Cada vez mais brasileiros excluídos, sem perspectivas, endividados. Preciso um mês de trabalho para pagar as multas dos pardais .Esse povo está tão esgualepado que não tem mais sangue para doar. Um percentual significativo de doadores de sangue fazem essa nobre missão porque ganham um lanche após a sangria.Estou propondo para os legisladores desse país que criem um imposto sobre o sexo, e que as mulheres que vivem desse laborioso trabalho sejam legalizadas, que possam fornecer nota fiscal pelo seu trabalho, para que possa ser abatido no imposto de renda.O sexo poderia ser incluído, por que não, num imposto de circulação de mercadorias. Há uma troca, uma doação que pode ser muito bem enquadrada legalmente. O ICMS teria uma taxação de 2 a 30%. Por exemplo: um trabalho na nota fiscal de R$ 700,00 o Estado sugador ficaria com R$ 140,00, num índice de 20%.As mulheres são triplamente beneficiadas contabilmente: recebem o bruto, fazem o balanço e ficam com o líquido.Aqueles homens que gostam de práticas sexuais mais ousadas, é bem possível enquadrar como imposto de renda na fonte, com uma taxação de 18% a 45%.O sexo também pode ser enquadrado no ISSQN (Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza), com uma tabela única de 5%, explico por quê. Como nesse país a corrupção é uma endemia, nem mais uma epidemia, um fiscal seria facilmente corruptível. Como evitaríamos a evasão fiscal: todos os quartos de motéis e das casas dos bordéis, boates, instalaríamos câmeras e o fiscal tarado ficaria numa sala reservada e, na saída, o imposto seria cobrado de acordo com a prática sexual adotada pelo cliente.Logicamente, o Ministério Público, uma vez a cada quatro anos, através de investigação, levantaria vários escândalos que, como sempre, não redundariam em nada.O Congresso Nacional também faria várias CPIs. Surgiriam robertos jeffersons que diriam: Eu vi vários deputados e senadores fazendo elocubrações sexuais, mas não tenho prova para incriminá-los, é a minha palavra contra a deles. Os deputados e senadores tarados diriam: É mentira! Esse deputado não está no uso da razão, é ele que mantém a máfia dos motéis e dos bordéis que sonegam os impostos que deveriam ir para os cofres públicos. Esse nobre deputado, que se diz um santo, já vi ele várias vezes com a boca na botija, é um devasso mulherengo!A Polícia Federal, que sempre é chamada nos casos mais escabrosos da roubalheira nacional também botaria a sua colher no tema, e faria a operação Baixo Ventre. Chegarão de madrugada nos estabelecimentos 50 carros, imitando a polícia Swat americana, vasculhariam todos os habitues das casas, figuras importantes da sociedade brasileira seriam expostas à execração da Rede Globo no Jornal Nacional. Não poderiam também faltar os fofoqueiros da revista Veja e, meia hora depois, a Época, a Isto É.Como sempre esses escândalos nacionais saem aos domingos ou nos jornais, revistas e no Fantástico, a sociedade brasileira ficaria sabendo sobre a máfia da sonegação dos impostos sexuais, da lavagem de dinheiro e dos hábitos lascivos dos freqüentadores das casas noturnas.E como confrontar as notas para o imposto de renda da fonte? Imaginem aquela voz assustadora das moças da Receita Federal ligando para a casa dos contribuintes. Olha, gostaríamos de contar com a sua presença aqui na Receita Federal, pois as notas que o senhor apresentou não conferem com a declaração da senhorita Anita Garibaldi E quem receberia o telefonema seria a mulher do inditoso. Ao meio-dia, na mesa, a mulher traída, à beira de um ataque de nervos indagaria ao marido: Que negócio é esse da nota que não confere com a Receita Federal? Pra mim, aqui em casa, é só economia, é só pagar imposto, é isso que você sempre me fala não é.
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