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Cleópatra, muito acima da lenda.
(Marcel Brion)

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A última grande figura do Egito antigo sonhou um destino excepcional para seu país. Seu caráter era apaixonado, e ela exerceu o poder com notável gênio político.
Após o assassinato de sua filha Berenice, restavam a Ptolomeu Aulete quatro filhos legítimos: dois meninos, ambos chamados Ptolomeu, e duas meninas, Arsinoé e Cleópatra. Quando o faraó morreu, os meninos eram bem pequenos e Arsinoé tinha 14 anos. Quem assumiu o poder, no ano 51 a. C., foi a mais velha, Cleópatra. Aos 17 anos, ela já era admirada por suas qualidades de estadista, inteligência, energia, sentido de grandes projetos e, também, paciência e tenacidade.
Crescera em meio ao tumulto e à angústia da guerra, da invasão.Por mais que tivesse orgulho de sua ascendência real e de sua herança macedônica, sentia uma profunda simpatia pelo povo egípcio, com suas virtudes ancestrais, seu amor pela paz, sua harmonia com os elementos e as estações do ano.
Ela não era egípcia; seu sangue se constituía de heranças gregas, macedônicas e persas. Pertencia ao Egito pela inteligência e coração.
Tinha vícios, mas somava a eles o raro talento de quem tem o verdadeiro gênio político de conseguir que eles concorram para a realização de seus projetos. Sua destreza em compartilhar as derrotas de César e de Marco Antônio não passava de recurso para garantir o domínio sobre os senhores de Roma e, por meio deles, realizar seus desejos e sonhos ambiciosos. Sabia ser uma grande rainha, uma amante que dominava a arte mais refinada das prostitutas e uma menina que se divertia com jogos pueris.
Ao mesmo tempo, era mais sábia e mais culta do que qualquer mulher da época. Falava fluentemente egípcio, árabe, persa, aramaico, etíope e somali, além de suas línguas maternas.
Para ela, o futuro de César não deveria se limitar ao mundo romano, mas estender-se. Queria que ele aspirasse ao Império do mundo, como Alexandre. Este, porém, não enfrentara barreiras como as erguidas pelas instituições romanas e, sobretudo, os interesses pessoais e muitas vezes mercantis que motivavam senadores e cavaleiros. César era cativo de uma rede de formalidades, obrigações e deveres.
Sabia que se os democratas desconfiassem dessa tendência à realeza não hesitariam em assassiná-lo. Cleópatra tinha sonhado fazer dele seu parceiro, a rainha do império do qual ela continuaria sendo o rei. Mas ele mesmo não se conformava com esse papel.
Contentou-se em passear pelo Egito em companhia dela, descendo o Nilo, mas quando a primavera voltou - momento em que Roma já manifestava sua impaciência -, ele deixou Cleópatra e partiu para o Ponto, a fim de esmagar a revolta de Farnaces. Ao mesmo tempo que os veteranos das legiões guerreavam, Cleópatra dava à luz um filho de César, a quem ela chamou Cesarião. A audácia chocou os egípcios.
Cleópatra foi para Roma, o que causou escândalo, em especial aos puritanos, pois César era casado com Calpúrnia. Tamanha imprudência promoveu a união dos democratas e puritanos, uns recriminando a César o fato de ele querer tornar-se rei, os outros temendo que ele repudiasse a esposa para se casar com a egípcia, o que criaria dificuldades incontornáveis e poria em perigo a República. Por maior que fosse o fascínio de Cleópatra e seu poder sobre o homem que amava, César não compartilhava inteiramente suas esperanças quiméricas. Morreu, aos pés da estátua de Pompeu, assassinado por "republicanos" hostis à ditadura e inimigos da "realeza".
Marco Antônio estava na Sicília quando convidou Cleópatra a discutir a situação política da Ásia. Ela atendeu ao chamado. Fez-se acompanhar de um cortejo fantástico e teatral, cujos elementos, emprestados à mitologia grega, lembravam o séquito da própria Afrodite. Soube temperar, no entanto, a requintada elegância helênica com cores de desregramento romano, vulgar e violento o bastante para atordoar Marco Antônio. Ele caiu na armadilha. Conseguiu que Marco Antônio mandasse executar todos os seus inimigos pessoais, em especial sua irmã Arsinoé. Cleópatra o recompensoucom delícias da "vida inimitável" que os historiadores não se cansam de descrever.
Durante dez anos, de 41 a 31 a.C., Marco Antônio não passou de um joguete relativamente dócil. Abandonou a mulher, que era irmã de Otávio, e dessa forma rompeu com aquele homem poderoso e influente, que se tornaria o senhor do mundo romano. Abreviou as estadias na Itália, limitadas a rápidas expedições militares, a fim voltar rapidamente para Alexandria. As conquistas às quais se dedicou foram as que podiam trazer alguma vantagem para o Egito, na Síria, na Cálcica, na Fenícia.
Houve várias tentativas de reconciliação entre Marco Antônio e Otávio, mas jamais um acordo durável e definitivo, pois assim que Marco Antônio reencontrava Cleópatra tudo voltava ao que era. Por seu lado, Otávio era o senhor do mundo romano ocidental; sua política consistia em querer o Egito como província romana. Ele não aceitava a idéia de um império oriental-ocidental. A cada dia tornava-se mais evidente que Roma precisava escolher entre seus dois senhores, um que queria arrastá-la em suas aventuras perigosas, outro que seguia uma política menos brilhante a curto prazo, porém mais segura e vantajosa.
O afastamento formal de Marco Antônio e Otávio consumou a ruptura. Prevendo que seu adversário, uma vez livre, se casaria com Cleópatra, Otávio começou por apresentá-la como inimiga de Roma, declarando guerra contra o Egito.
Cleópatra não se conformou com a derrota. Marco Antônio e Cleópatra se suicidaram 30 a.C. e o Egito é anexado a Roma.
Triste ocaso para uma civilização que teve em Cleópatra um marco indelével.



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