O Impasse da Ecomonia
(Carla Roman)
Superficialmente, a ciência econômica, parece ser bastante simples e lógica. Tem regras claras e objetivas, assim como finalidades precisas. No entanto, numa análise mais aprofundada, percebe-se quão intrincada são suas relações, quão abrangente é sua atuação e quão imprevisíveis podem ser seus resultados. Por estes motivos é importante ter-se um pouco mais de informação e conhecimento sobre esse assunto tão estimulante.A ciência econômica constitui-se num ramo do conhecimento científico que faz parte das chamadas ciências humanas, pois trata basicamente das relações humanas necessárias à sobrevivência. Assim, pode-se defini-la como a ciência que estuda como as pessoas ganham dinheiro, como gastam e em que gastam. Numa forma mais ampla, estuda-se os mesmos aspectos em relação às empresas e aos governos. Por estudar basicamente como a riqueza (entenda-se riqueza como tudo aquilo que tem valor monetário ou econômico e não somente dinheiro) é gerada e distribuída a ciência econômica muitas vezes, gravita num espaço intermediário entre as ciências sociais e a matemática. Como as relações sociais são imprecisas e muito pouco determináveis e a matemática, por outro lado, explica e prova de maneira indubitável fenômenos físicos e racionais. Essa mistura exótica e não homogeneizada de conhecimentos resultou numa ciência que ora peca pela falta de precisão e ora pelo pragmatismo insensível.O impasse vivido pela ciência econômica nas últimas décadas é decorrente da defasagem cada vez maior entre a teoria econômica e a realidade social. Recheada de conceitos engessados pela lógica cartesiana, a teoria econômica tornou-se incapaz de dar respostas e saídas satisfatórias aos eventos da atualidade. Isso tornou-se mais evidente com a imposição da ecologia como um fator determinante do desenvolvimento, e a atual destruição do meio ambiente, em escala e conseqüências globais, passou a ser um fator econômico importante, não cabendo mais apenas no conceito de extenalidade. A questão ecológica impõem-se como um desafio de escala mundial e revela a maior falha conceitual da teoria econômica, que considera o patrimônio natural apenas como um fator de produção incluído no fator terra, sem incorporar sua depreciação ou extinção na contabilidade nacional, aliás, absurdamente, em alguns casos a destruição da natureza é considerada incremento positivo, como por exemplo, o consumo de combustíveis fósseis, que é considerado um indicador de crescimento econômico.Creio que atualmente a ciência econômica precisa aprofundar-se mais no seu aspecto de ciência humana do que no de ciência pretensamente exata. Digo pretensamente porque nunca será possível medir com precisão uma atitude ou um desejo humano e, sendo a base da economia as relações humanas e atitudes tomadas diante da necessidade de gerenciar desejos ilimitados com recursos escassos, esta nunca será totalmente previsível.Resumidamente, o que os economistas precisam fazer com a máxima urgência é reavaliar sua base conceitual e recriar seus modelos e teorias fundamentais de conformidade com essa reavaliação. A atual crise econômica-ambiental só será superada se os economistas estiverem dispostos a participar da mudança de paradigma que está ocorrendo hoje em todos os campos da ciência, substituindo o método cartesiano por uma visão holística e ecológica, tornando assim as novas abordagens mais compatíveis com as necessidades do mundo atual.
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