Rubem Alves e a nutrição do bom senso
(Rubem Alves)
Rubem Alves e a nutrição do bom senso É muito interessante a analogia que Rubem Alves faz entre o que se escreve nos jornais, o que comemos e a forma como que digerimos isso tudo. Hoje, não só a televisão, mas todos os meios de comunicação (incluindo a internet) dão uma contribuição enorme para "asnalizar" as pessoas (os asnos que me perdoem). A quantidade de informação que recebemos, precisa sempre passar por um filtro, que podemos chamar (e usar) de bom senso, para que não achemos que tudo o que está "no ar" é por que tem qualidade ou nos passa informações verídicas. Precisamos ter muito cuidado com o que passamos para o nosso público, senão, caímos nos mesmos erros que cometeram com várias gerações, onde temos que engolir muita coisa que poderia estar dormindo no limbo. Temos ainda a obrigação de pensarmos em formar uma nova sociedade, melhor informada, com mais senso crítico e que saiba separar o "joio do trigo". Pode parecer utopia, mas, de nada irá adiantar nosso tempo acadêmico se não tivermos pelo menos o objetivo de tentar melhorar a sociedade ou pelo menos, nossa categoria. Temos que alcançar este objetivo. Isso se não nos tornarmos estúpidos pela leitura do lixo que nos impõe, há uma possibilidade de, pelo menos, deixarmos muitas sementes plantadas para as futuras gerações. Como exemplo da forma com que nos oferecem esse “banquete de letras”, podemos citar a cobertura feita pela última Revista Veja. Foram dadas, para a cobertura da morte do Papa (assunto que já estava mais que requentado) devido à exaustiva cobertura televisiva, 14 páginas, que possivelmente não acrescentaram nada ao que o leitor já sabia; enquanto que, sobre a maior chacina já ocorrida no Brasil, na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, coube apenas algumas poucas linhas, no rodapé de uma página. E, no caso da chacina, morreu mais gente que em um dia de batalha em qualquer das últimas guerras que presenciamos e só merece uma nota de poucos toques no meio da revista? Alguém não está sabendo o que deve nos servir na refeição. Precisamos de verdadeiros nutricionistas das notícias, para que tudo nos chegue na dose certa, com o sabor da verdade e pelo menos o aroma da inteligência e do bom senso. Mas, considero que Rubem Alves termina com uma pequena contradição quando encerra a coluna com a interrogação: "Será que a leitura de jornais nos torna estúpidos?". Acredito que encontramos, também, artigos com muita riqueza de questionamentos e com conteúdo deste que nos serviu como base, para nos tornarmos menos estúpidos, porém ainda teremos um longo e tenebroso inverno para chegarmos em uma primavera cheia de novas espécies, que ajudarão a colorir nossas vidas com pétalas de sabedoria e o verdadeiro pólen fertilizador de boas cabeças. Precisamos trabalhar muito para conseguirmos chegar a uma imprensa melhor que nos forneça pratos ricos em nutrientes e, não somente em calorias, que nos engordam e também podem nos matar de infarto.
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