Os antigos sabiam...
(Oswaldo Costa)
Nos primórdios, os humanos, indivíduos simples atendendo apenas à satisfação de suas necessidades básicas, eram puro instinto, experimentando o mundo a sua volta através de seus sentidos simplórios...não tínhamos ainda a necessidade de explicar nada, sentíamos e aprendíamos com aquela experiência, simples e objetivamente; a fome era uma necessidade inexplicável, apenas impelia-nos a saciá-la o mais rápido possível. Afalta de alimento por um, dois ou mais dias, nos fez aprender que nem sempre seria fácil arranjar comida...passamos a caçar mais, pescar mais e armazenar, da melhor maneira possível, os provimentos do dia. A lição era simples...tudo é válido pelo saciar da fome...Comida amiga...os antigos já sabiam... Tivemos sede, e da mesma maneira, aprendemos através dos sentidos; a amargura da sede...e com um agravante, descobrimos que morremos mais rápido pela sede do que pela fome...Separaría-nos como espécie em cinco continentes, para milhares de anos depois, voltar a nos unir...Água viva...os antigos sabiam... O fogo e suas percepções vieram depois...a proximidade do fogo era agradável e às vezes até necessária, porém o contato com ele era dolorido e por vezes...fatal...O poder advindo do domínio dele, provavelmente, foi o primeiro divisor de águas no relacionamento da família humana...A noite já não era mais tão escura, e os outros animais já não pareciam tão perigosos e assustadores...pudemos nos reunir em torno de grandes fogueiras e aprendermos juntos os processos de cozimento dos alimentos, dando um grande impulso ao nosso desenvolvimento como espécie...Fogo santo...os antigos sabiam... Acreditamos, no passar do tempo, que tudo aquilo que nos sustentava em pé e que ao mesmo tempo poderia nos tirar a vida, seria maior que nós mesmos, e que mesmo que nos uníssemos, nem sempre conseguiríamos vencer essas batalhas diárias...Passamos então a observar melhor o provedor daquilo tudo...o ambiente ao redor...notamos que não estávamos sozinhos e que interagíamos com tudo ao redor...da mesma maneira que nós tínhamos ciclos, a natureza também...As plantas floriam de tanto em tanto tempo, as flores caíam e vinham os frutos...e por coincidentemente esses ciclosvinham com as mesmas posições do solares... O sol...Ele que, desde nossos antepassados até então, tivera uma grande missão...a de nos dar a paz do dia inexorávelmente em todas as manhãs...Bom dia Sol!...Deus Sol...os antigos sabiam... Já as águas eram influenciadas pela lua, que ocasionava as cheias dos rios. ..santa cheia...fertilizando a terra com o íntimo desejo de torná-la fecunda...Mãe Lua...os antigos sabiam... A história se seguiu por séculos e séculos, com conceitos relevantes ligados diretamente as suas necessidades,a sua época e seus costumes...De vários deuses, fizemos um. Primeiramente, acima dos outros, depois único e onipotente...e vieram os séculos das trevas; deixamos de experimentar a vida, de conhecê-la e vivê-la através do empirismo...prático empirismo...no qual a vida era mais simples em seus conceitos. Desta necessidade, após mais de mil anos de história, a curiosidade humana, seus pensamentos e sonhos, nos levaram a sobrepujar a ignorância, como forma reinante, dando vazão à sede de conhecimento represada por muitos séculos; houve a necessidade de rasgar véus que encobriam realidades há muito conhecidas e sufocadas em prol do poder...aquele mesmo da época do Fogo. E então veio a sociedade moderna e sua ciência, capaz de explicar quase tudo...quase tudo...Nos esquecemos de quem fomos...da fome e da sede que passamos...dos medos e alegrias que tivemos...e num belo dia, compartilhamos a mesma comida e bebemos da mesma fonte, subimos na mesma árvore para fugir de inimigos comuns - as feras - esquecemos que o amanhecer tem a mesma sensação e o mesmo calor para distribuir a todos...Esquecemos que as noites não são iguais...em algumas, temos a companhia da Lua para nos alegrar e iluminar as montanhas...os campos...os caminhos. Nos esquecemos principalmente, que estamos numa grande escola, localizada no "tempo e no espaço", onde experimentamos...sentimos...e aprendendo nos livramos das amarras do emaranhado de conflitos inúteis, que construímos por objetivos escusos que nada têm a ver com nossas reais necessidades humanas...saciar a fome e a sede...lutar pela segurança de toda a sociedade...pela liberdade do pensamento e do sentimento...pela escolha do caminho...que se cruzam na longa jornada sem impor submissão de nenhuma espécie. Tchuka
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