A Dívida Social dos Banqueiros
(Élvio Gaspar)
A Dívida Social dos Banqueiros. O prêmio Nobel da Paz de 2006 foi entregue a um banqueiro. É notório que a academia sueca entende que o combate à desigualdade é uma ação forte no intuito de promover a paz e que créditos bancários são escassos aos mais pobres. Ainda assim é no mínimo estranho que um banqueiro leve o prêmio, já que os bancos não param de bater recordes de lucratividade, o que, evidentemente, é elemento de desigualdade social. Entretanto se um banqueiro pôde fazer o que fez na Índia, então um banco pode conciliar crescimento com redução de desigualdade. Em 1982 foi incorporado o “S” ao BNDE e desde então tem sido um desafio para o BNDES formular e executar ações sociais. Diferente da sustentabilidade ambiental, que prevê crescimento sem degradar o meio ambiente, os projetos de crescimento econômico não se preocupam com o crescimento sustentável social. O complexo petroquímico do Rio de janeiro – Comperj – exigirá, para sua construção, 250 mil trabalhadores e menos de 50 mil para a operação. Muitos desses trabalhadores não aproveitados vão se instalar ao redorda fábrica, favelizados e haverá aumento na demanda por serviços públicos como água, saúde e educação. Recursos estes, que já não atendem as necessidades da população atual. Infelizmentenão é impossível impor custos de desenvolvimento social apenas ao projeto. Embora já existam linhas de crédito baratas para financiar parte da oferta de serviços sociais. É preciso preparar e financiar Prefeituras e Estados que irão receber grandes empreendimentos. Deve-se também financiar na frente à aquisição de terras e a implantação de saneamento e transporte afim de reduzir seu custo. Celso Furtado já dizia que é possível financiar com distribuição de renda e Mohamed Yunnus, com seu Gramma Bank, está provando isso. Élvio Gaspar é colunista e diretor de Inclusão Social do BNDS.
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