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OS ILHADOS
(Naomi York)

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O enigma do que fazer em uma ilha já tocou o coração de muitos. A nanotecnologia divina de ter minimizado o extensíssimo continente numa pequena porção de terra visível em toda a sua dimensão levantou a linha do horizonte. Como a ilha Santa Cruz que enganou o navegador Colombo fazendo o cogitar que a ilha fosse o continente que procurava, até conseguir ultrapassá-la e perceber o tamanho grandioso de seu engano.As ilhas são pontos fixos e salvadores na navegação em alto-mar, são pontos distintos em organização social. É o refúgio de Gauguin e o castigo para Napoleão derrotado.Os Ilhados de Naomi York é um romance com fundo político com a intenção de mostrar a dependência do homem quanto ao que vê, e a ilha torna o homem também como objeto distante nesta dicotomia da admiração. Admirando, possuímos ainda que a distância. Em Os Ilhados o objeto observado é uma ilha, água, mar, a terra despontando no meio das águas, e sobre a mesma, as palmeiras são fonte de desejos para o personagem principal: Marcos Alberto, que mora diante de uma ilha desconhecida em Pernambuco, Recife, na rua das Rosas.No entanto, nem o mar, nem a ilha são meio seguros de satisfazer a curiosidade humana, ao invés disto, estão a alimentar a imaginação humana. Neste caso, todos são ilhados: Marcos Alberto, a ilha, e o mar. Cada um em seu lugar, um não suplanta o lugar do outro. Todos os três são chamarizes que dão o que pensar.Assim também o é com o triângulo das Bermudas rastreado pelo narrador como um triângulo de ilhas com idéias monárquicas, imperialistas e autoritárias: Cuba, Inglaterra e Japão. A Inglaterra é o ápice do triângulo das Bermudas como tem sido através da História como quartel general monárquico, Cuba recebeu as influências européias do comunismo grandioso e as adaptou, enquanto o Japão preservou sua autônomia e sua identidade assumindo um imperialismo ferrenho.Ainda que Marcos Alberto não tenha podido nunca conhecer mais do que a imagem da ilha defronte de sua casa, ganha a passagem de avião de um amigo, Antônio K para conhecer Port of Spain, capital das ilhas Trinidad & Tobago. Marcos Alberto deixa mulher e filha para fazer esta pequena viagem e aterrisar em uma ilha latina, viaja de avião pela primeira vez e divisa as florestas abaixo de seus pés.O diálogo é com o horizonte, no horizonte está a ilha dos sonhos de Marcos Alberto, no entanto, não se deve esquecer que é no horizonte diante desta extensa costa brasileira é que nasce o sol, que teve início a civilização. Japão, o país que acorda mais cedo recebendo os primeiros raios solares, sucumbe pela febre amarela, seus habitantes passam a aborrecerem-se esperando que os vizinhos à Oeste também despertem para trabalhar, e para responsabilizarem-se juntos pelo avanço da tecnologia e do progresso. Apenas em Os Ilhados, o Japão desce para um profundo mergulho no mar, do qual os habitantes japoneses tentam fugir conseguindo escapar em disparada para a China, até que possam encostarem na Grande Muralha e lá renascerem quietos como pintos protegidos dentro da casca.Distante do seu império, os japoneses apenas puderam pedir abrigo no grande continente. Em Os Ilhados, outros muros protetores são explorados, o muro das Lamentações de Israel e o antigo Muro de Berlim. Após focalizar a protetora Grande Muralha que em forma de serpente circunda a capital chinesa, o narrador depara-se com dois muros retos: o muro das Lamentações que restou do templo do rei Salomão com o qual os judeus barraram tanto as influências guerreiras orientais quanto os cultos ao sol difundidos na Ásia. Por falta de proteção, criaram-se dois muros, o do templo judaico e o de Berlim, o muro contemporâneo que separara os burgueses dos proletários, fumaça e os jardins, os filósofos alemães dos músicos alemães. Dois muros como se fossem as duas mãos do rei Salomão que estavam a abençoar a porção terrestre oriental européia e Israel, e até mesmo a diáspora, até o dia em que o espírito messiânicode liberdade e justiça destruísse por si próprio o muro de Berlim e o seu povo se descobrisse diante de um mundo de possibilidades sem fim. Israel não é uma ilha mas é tão pequena como se fosse, e se o muro de Berlim fez um paralelo com o muro das Lamentações como se fossem apenas dois marcos tais quais os fusos horários, então a outra pequena ilha paralela a Israel é Portugal. E como ambos são semelhantes(!) na necessidade de viver de sua fé para unificar-se e fortalecer suas posições. O Redentor fez a ponte entre Israel, a Terra Velha e Santa e Portugal, o conquistador do Novo Mundo. Muito românticamente, o mar levantou-se para trazer os homens aos mais diversos países, poéticamente, o mar é o agente que atrai o homem e só lhe devolve o significado quando o homem atravessá-lo e verificar que o mar que levanta ondas como um leão que levanta as patas para pegar a presa, não é essencialmente bonito, mas sim, forte, vital, com uma mensagem peculiar de constância que suas ondas trazem a Marcos Alberto e seu desejo de trocar a vida árdua da cidade, para uma vida semelhante à dos índios nativos, os quais nunca quiseram afastar-se da natureza. OS ILHADOS, Naomi York (2005) Ed. Scortecci. São Paulo http://naomiyork.blogspot.com



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