A(RE)PRODUCAO ESPACIAL DAS ATIVIDADES TURISTICAS NO PORTO DAS DUNAS - AQUIRAZ - CEARA - RESUMO CRITI
(denize dantas)
A (RE) PRODUÇÃO ESPACIAL DAS ATIVIDADES TURÍSTICAS NO PORTO DAS DUNAS-AQUIRAZ-CEARÁ – Resumo crítico.
O artigo discute a questão da “turistificação”- trata-se da utilização do espaço através de uma relação vertical em um determinado período- e suas conseqüências no âmbito sócio-cultural em um determinado local, ou seja, são as transformações pela ação do homem para fins de lazer. Essas mudanças devem-se, sobretudo, à questões de expansões imobiliárias -com a construções de resorts e condomínios de luxo- bem como na exploração turística em toda a costa brasileira, pois sob o pretexto de geração de emprego e renda para as comunidades locais os grandes empresários expandiram-se e excluíram os pescadores dessas benesses. O que se tem tido exemplo tanto no Porto das Dunas (CE) quanto em Porto de Galinhas (PE) é que tais “inovações” trouxeram a concentração de renda e lucro para poucos , além da degradação ambiental e dos valores e símbolos de um determinado local uma vez que o aumento de turistas provocaram uma readaptação dos mesmos. É bastante intrigante esta questão de lazer x natureza x conforto. Se pararmos para analisar esta relação, com o pouco conhecimento que temos na área de planejamento turístico, percebemos o quão importante e relevante que haja a frente de certas decisões implicadas neste ramo de atividade, um profissional competente e qualificado para o mesmo. Todos falam de natureza e meio ambiente; de belezas naturais etc. Mas, onde elas estão? Se com a enlouquecida e frenética gana por dinheiro a revestem de concreto? A sociedade contemporânea está mesmo ciente do que seja sustentabilidade e preservação? Infelizmente, não se tem certeza desta compreensão. Em verdade, são apenas encenações, ou, raríssimas exceções em pontos isolados. A economia fala mais alto e, o poder público, este veste sua capa da cumplicidade alegando-se impotente. É evidente a lucratividade do negócio turístico. Porém, esta pode ser obtida sem que haja exclusões sociais e devastações. Afinal, para que servem grandes instalações e superestruturas em dunas e em vilas de pescadores se estas não mais existem? Onde está a natureza tão divulgada e desejada? Cadê a cultura local? Como ela é? Que técnicas manuais usam estes pescadores para pescar? Como vivem? Vemos apenas, o que já estamos acostumados a ver: grandes hotéis – luxuosos é claro – casarões, lojas, trânsito e grande infra-estrutura hoteleira. Segundo Marília Colares Mendes, a costa do estado do Ceará tornou-se palco do turismo nacional e internacional provocando sensíveis transformações, e especificamente Porto das Dunas onde se localiza o Parque aquático Beach Park, Praia das Fontes, Porto da canoa e Canoa Quebrada, são corredores dessas mudanças pois foram alteradas as formas originais das dunas pelo aplainamento das mesmas, como também pela destruição e retirada vegetação primária, além do adensamento urbano provocado pelo incentivo da especulação imobiliária de uma classe abastada. Entretanto, o turismo também proporciona impactos positivos, pois a fim de atrair aos turistas reestrutura-se as cidades, com o melhoramento da infra-estrutura e da superestrutura, além de irradiar o crescimento econômico na região, evidentemente aos nativos só lhes restam readaptar para ingressar neste novo contexto: através da vendas de artesanato e de comércio informal são alguns exemplos. Não é a toa que o turismo é uma das principais fontes econômicas a nível mundial e também é uma atividade de natureza social, política e cultural. Essa valorização e dominação do espaço não é um fenômeno recente, já é reflexo de nosso processo histórico de ocupação e produção do espaço, os colonizadores portugueses foram os primeiros a desenvolver a monocultura da cana para fins de exportação na costa litorânea comprometendo boa parte da Mata atlântica. Atualmente, fala-se muito em conservação do meio ambiente (desenvolvimento sustentável), pois o turismo depende essencialmente dos atrativos naturais. No Porto das Dunas a ocupação do solo se deu em três momentos distintos: historicamente a área era ocupada apenas por população nativa que vivia da pesca artesanal e da agricultura e extrativismo extensivo; depois houve a pesca industrial para fins de abastecimento do mercado interno e externo os pescadores eram subordinados ao donos dos meios de produção, estabelecendo uma relação desfavorável para os pescadores; e hoje a especulação imobiliária. Neste contexto, em todo esse processo houve uma agressão ao ambiente de forma pouco ou muito efetiva, respectivamente. Se há uma degradação como evitar? Primeiramente, a partir da elaboração de um planejamento turístico visto com mais seriedade, sendo este elaborado por uma equipe de profissionais qualificados como também, seria interessante que o poder público fosse mais rigoroso ao se liberar projetos para construção destes empreendimentos e realmente levar em consideração a conservação deste local, na preservação do meio ambiente - fauna e flora – e no respeito a cultura da população local, respeitando a comunidade no que diz respeito ao seu modo de vida, procurando de forma sustentável a inclusão da atividade turística. Caso isto não ocorra, nada mais haverá para se usufruir, ou seja, nem beleza nem Receita.
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