Preconceito (Big Brother)
(Luís Fernando Veríssimo)
Sou desses que fogem da tv convencional e se abriga na tv fechada. Vi esses dias Tarde demais para esquecer e encontrei uma pérola ou, no mínimo, uma bijuteria. Quando as personagens de Deborah Kerr e Cary Grant descem numa ilha para visitar a avó dele. Adivinhe o nome do fiel escudeiro canino que toma conta da velha. Fidel. Isso mesmo. Fidel e ilha poderiam parecer uma provocação, mas não em 1957, quando Castro e seus companheiros ainda pastavam em Sierra Maestra. Três assuntos norteiam a tv aberta hoje: futebol, novela e Big Brother. Se você não acompanha os três, fatalmente se sentirá um peixe fora d’água em qualquer conversa sobre programação de televisão. Estará automaticamente exilado. A tv fechada é meu auto-exílio. Não tenho nada contra novelas, mas Big Brother ainda não deu pra engolir. É penoso tentar entender o motivo de chamarem de Reallity Show pessoas enclausuradas tentando se sacanear o tempo todo. Será essa aidéia de retratação da nossa realidade? Mas o sucesso do BB é grande. A falha deve ser minha. Está acontecendo na Inglaterra um Celebrity Big Brother que se transformou numa questão nacional e num embaraço diplomático. Uma atriz indiana foi hostilizada por causa do seu sotaque e de suas roupas. Racismo explícito na televisão. Apesar de haver uma lamentação geral em relação a qualquer manifestação de racismo, a audiência do programa aumentou e muito com o episódio. Tristemente tenho que concordar que esse programa manifesta a realidade da nossa espécie. Ao menos o lado ruim. Nos EUA os hispânicos sofrem tanto ou mais preconceito. No Oeste americano já estão chamando essa invasão de reconquista. Os mexicanos estariam recuperando a terra que perderam no século dezenove.
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