A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo
(weber; Max)
A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo – onde ele vincula o nascimento do capitalismo à doutrina calvinista da predestinação e à conseqüente interpretação do êxito material como garantia da graça Divina. O ponto frucal dessa ética, ensina WEBER, é o ganhar mais e mais dinheiro, combinado com o afastamento estrito de todo prazer espontâneo de viver e, principalmente, isento de qualquer mistura hedonista. O dinheiro é pensado como um fim em si mesmo, que do ponto de vista da felicidade ou da utilidade do indivíduo parece algo transcendental e completamente irracional. A aquisição de riquezas não está mais subordinada ao homem como um meio para a satisfação de suas necessidades materiais. O homem é dominado pelo dinheiro e sua aquisição passa a ser o propósito final da vida. No entanto, adverte o autor, que essa inversão do que seria a relação natural, tão irracional de um ponto de vista ingênuo, é evidentemente um princípio chave do capitalismo, tanto quanto parece estranha para todas as pessoas que não estão sob a influência capitalista. No entanto, tal diretriz (ganhar mais e mais dinheiro) expressa um tipo de sentimento que está intimamente ligado com certas idéias religiosas. Se perguntarmos por que devemos fazer dinheiro às custas dos homens, a resposta encontrará resposta na própria Bíblia, citada por Benjamin Franklin: “Vês um homem diligente em seus afazeres? Ele estará acima dos reis (Provérbios 22:29). Portanto, o ganho de dinheiro na moderna ordem econômica, segundo MAX WEBER, é, desde que realizado legalmente, o resultado e a expressão da virtude e da eficiência em certo caminho; e esses valores são, o alfa e ômega da verdadeira ética dos grandes formuladores do protestantismo. Desse modo, o capitalismo atual, que domina a vida econômica, educa e seleciona os mais capazes. Ao levarmos este problema às ultimas conseqüências, somos obrigados a aceitar o fato de que a adesão racional dos indivíduos ao capitalismo para concretizá-lo está orientada tanto por interesses e motivações materiais ou socioeconômicas imediatas, quanto por valores éticos-morais, culturais ou políticos-ideológicos mais estratégicos. O ascetismo secular protestante, principalmente quando lança os fundamentos da “vocação”, agiu de maneira decisiva para produção de uma justificativa ética para a moderna divisão do trabalho em especialidades. A vocação de cada um teve, portanto, como conseqüência a limitação do trabalho especializado, com a renúncia à Faustiana universalidade do homem. Quando o ascetismo foi levado para fora dos mosteiros e transferido para a vida profissional, passando a influenciar a moralidade secular, fê-lo contribuindo poderosamente para a formação da moderna ordem econômica e técnica ligada à produção em série através da máquina, determinando de maneira violenta o estilo de vida de todo indivíduo nascido sob esse sistema. O ascetismo profissional protestante teria contribuído, desta forma, para a constituição de um sistema em que os homens estivessem como que presos numa gaiola de ferro, podendo levar, assim, a uma futura perda de liberdade. A regulação administrativa, a burocratização, teria adquirido um peso tão grande que os indivíduos poderiam perder a liberdade de escolha de suas ações, presos que estão nessa gaiola de ferro, na qual, paradoxalmente, não haveriam mais lugar para os ideais éticos que embalaram o berço do capitalismo nascente. Weber termina a obra dizendo que o ascetismo se encarregou de remodelar o mundo e nele desenvolver seus ideais e, por outro lado, em nenhum momento histórico, os bens materiais adquiriram um poder crescente e, por fim inexorável, sobre a vida do homem. Hoje, o espírito do ascetismo religioso, quem sabe se definitivamente, fugiu da prisão. Mas o capitalismo vitorioso não precisa mais de suporte, uma vez que repousa em fundamentos mecânicos. “Também o róseo colorido do seu risonho herdeiro, o Iluminismo, parece estar desvanecendo irremediavelmente, e a idéia de dever no âmbito da vocação ronda nossas vidas como o fantasma de crenças religiosas mortas. Onde a plenificação da vocação não pode ser diretamente relacionada aos mais latos valores espirituais e culturais ou quando, por outro lado, não precisa ser sentida apenas como uma pressão econômica, o indivíduo geralmente abandona qualquer tentativa de justificá-la. No campo de seu maior desenvolvimento, nos Estados Unidos, a busca da riqueza, despida de seu significado ético e religioso, tende a ser associada a paixões puramente mundanas, que lhe dão como freqüência um caráter de esporte.” MAX WEBER, então retoma sua verve moral, para dizer que o capitalismo teria se tornado a própria religião e no futuro, ninguém sabe quem viverá nesta prisão ou se, no final deste imenso desenvolvimento surgirão líderes inteiramente novos, ou se haverá um reavivamento de velhas idéias e ideais ou, ainda, se nenhuma dessas duas ou quem sabe substituindo isso tudo, uma petrificação mecanizada enfeitada com um tipo de convulsiva justificação. Neste último estágio de desenvolvimento cultural, ninguém sabe ainda a quem caberá no futuro viver nessa prisão e seus integrantes poderão de fato ser chamados “especialistas sem espírito, hedonistas sem coração, nulidades que imaginam ter atingido um nível de civilização nunca antes alcançado”.
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