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O estrangeiro
(Albert; Camus)

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Condenado por não chorar a morte da mãe

Meursault recebe a notícia da morte da mãe e parte ao seu encontro no asilo de velhos em Marengo, a 80 quilómetros de Argel. No último ano, praticamente, não a vira e, agora, no caixão, também não lhe queria desvendar a expressão. Já tinham pouco a dizer um ao outro. Nem a idade dela, ao certo ele mais sabia.

No dia seguinte ao enterro, Meursault toma um banho de mar. Encontra Maria, uma antiga dactilógrafa do seu escritório, com quem troca carícias e ri no cinema ao ver Fernandel. Meursault estava longe de imaginar que este domingo de céu azul e dourado seria esmiuçado em tribunal e o levaria a ser condenado à morte.

Raimundo, vizinho de andar de Meursault, conta-lhe uma história de sangue e traição, de uma senhora moura sua amante. Pede –lhe um conselho e que escreva uma carta - isco para a amante - , visto ser um homem que ele acredita conhecer a vida. Agora eram amigos, repetia Raimundo satisfeito, apesar da indiferença de Meursault. A moura aparece e a cena que se segue, de espancamento, termina com a polícia. Começam as perseguições dos árabes, até ao fatídico dia em que um deles morre com cinco tiros disparados por Meursault. Mata por causa do sol. O mesmo sol ardente do dia em que a mãe fora a enterrar.

Meursault é preso e interrogado várias vezes perante um juiz que opina nunca ter visto uma alma tão empedernida como a sua. Confessa não acreditar em Deus. Espanta-se de ter gostado de uma coisa ao longo de onze meses de instrução: do juiz bater-lhe no ombro e dizer, com ar cordial, que por hoje chega senhor anti-cristo. O mais doloroso da vida de presidiário são os pensamentos de homem livre. Atormentam-lhe ideias como tomar banho no mar, desejar uma mulher. Mas, a partir do instante em que aprende a viver de recordações, os dias na cela passaram a ser menos infelizes.

Antes do julgamento, um polícia pergunta-lhe se tem medo. Ele responde que não. Lá dentro, na sala do tribunal, era como se todas aquelas pessoas fossem passageiros de um qualquer eléctrico e o expiassem, a ele recém-chegado. Sente-lhes o ódio no olhar e nas frases com que descrevem a sua reacção à morte da mãe. Tem vontade de chorar. Também vontade de beijar. Um homem, Celeste, proprietário do restaurante que frequentava.

Culpado. Condenado à guilhotina, em praça pública, em nome do povo francês. Meursault aguarda a morte numa outra cela, de onde vislumbra um pedaço de céu. Há duas coisas que não lhe saem da cabeça: o recurso da sentença e a madrugada em que será executado. Lamenta não ter lido mais sobre toda a engrenagem dos condenados à morte. Recorda uma das histórias que a mãe lhe contava sobre o pai que nunca conhecera: tinha ido assistir à execução de um assassino, a ideia de ir punha-o doente, mas mesmos assim tinha ido e, quando voltara, fartara-se de vomitar. Crescera a ouvir esta história que o fazia desgostar do pai, mas hoje compreendia-o: não havia nada de mais importante que uma execução capital. Meursault não se sente desesperado, sente apenas medo e explica-o ao padre, que lhe exige constantemente uma postura que nem com o fim da vida anunciado ele consegue e quer atingir. Mas lá responde a uma das perguntas do padre, se houvesse uma outra vida? ele desejaria que fosse uma vida onde se pudesse lembrar desta vida. Dizia-lhe a mãe que nunca se é completamente infeliz.

Os apitos soam, anunciam a partida para um mundo que lhe é para sempre indiferente. Compreende então porque é que, tão perto da morte, a mãe arranjara um noivo, sentindo-se liberta para recomeçar a vida. Meursault sente o mesmo, pronto para reviver, está feliz. Debaixo das estrelas, lugar para um último desejo: muito público a recebê-lo com gritos de ódio, na hora da morte. Para que se sinta menos só.



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