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A corrosão do conhecimento docente nos dias atuais
(Pablo Silva Machado Bispo dos Santos; Ricardo Gancz)

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Sobre este tema, vários tem sido os autores que pontuam o debate a respeito do conhecimento docente na contemporaneidade, dentre estes, Andy Hargreaves[1] ilustra de forma bastante concreta (e de certo modo brilhante) o processo de corrosão do conhecimento docente, a partir de modificações em suas condições de trabalho. Dentre estas modificaçãoes, a que mais chama a atenção é a modificação na utilização/apropriação do tempo por parte dos docentes. A respeito do tempo para as atividades realizadas pelos docentes e suas novas formas, Hargreaves afirma que o tempo se divide em quatro momentos de emprego da racionalidade: O tempo de grupopara a planificação emcolaboração realizada depois das aulas (…); o tempo aos pedaçospara consultas rápidas a outrosprofessoresdurante o dia de aulas; o tempopessoalpassadofora da escola, paraleituras e para a planificação individual e para a freqüência de cursos; e o outrotempo de contato (o tempo de preparação programada) (p. 108).A esse respeito, afirma ainda o autor que o uso do tempo estaria vinculado a uma dimensão de valorização simbólica dos usos diferenciados deste tempo, o que implica em afirmar que: Grandeparte da lutapelagarantia de maioresporções de tempoparaatividadesfora de sala de aula (…) tem a vercomquestõesfundamentais relativas à paridade e ao status no interior da profissãodocente(p. 110). O estudo de Hargreaves acaba por induzir-nos a refletir sobre o modo como o tempo tem sido um fator decisivo nas modificações do trabalho docente operadas na atualidade. A especialização desmesurada do conhecimento acabaria por se exprimir em uma lógica de fracionamento do tempo, dividido em atividades administrativas muitas vezes desencontradas em relação à atividade-fim da docência. Mais um dos elementos de corrosão do trabalho docente seria a intensificação de seu processo de trabalho. Sobre esta questão Hargreaves afirma que: o seutrabalho se intensificou cadavezmais, esperando –se que respondam a maiorespressões e se conformem cominovações múltiplas emcondiçõesquesão, na melhor das hipótesesestáveis, e na pior delas, deterioradas (P.132).Esta intensificação afetaria substantivamente o trabalho docente, na medida em que menos tempo se destinaria ao investimento consciente no estudo e reflexão acerca dos problemas decorrentes da situação de ensino-aprendizagem e das questões filosóficas que subjazem à prática pedagógica. Outros são os efeitos da crescente e desordenada especialização do conhecimento (de uma forma geral) sobre o trabalho (e sobre o conhecimento) docente, dentre tais efeitos, pode ser destacado o que Maurice Tardiff[2] aponta como uma perda de status do conhecimento professoral, perda esta ocasionada pelo fato do trabalho docente acabar por ser concebido como mais uma das múltiplas tarefas técnicas desempenhada por profissionais diversos nas escolas e universidades.Como resultados deste processo, pode-se dizer que o conhecimentodocente “se erode”, ou seja, é questionado por um lado pela nova lógica da organização burocrático-administrativa das escolas (cumprimento dos horários rígidos e prazos escolares cada vez mais exíguos) e universidades (múltiplas situações de avaliação institucional externa e interna e tempos cada vez menores para o cumprimento de tarefas relativas à produção acadêmico-científica), e, por outro lado, pela própria imagem de desprestígio segundo a qual os docentes se representam (HARGREAVES, 1999) . Tal imagem depreciativa acabaria por fazer com que em muitos casos os professores acabassem por realizar um trabalho de aprofundamento conceitual em relação à didática e às técnicas de ensino correlato à auto-representação negativa de seu conhecimento e de sua profissão. Acreditamos, portanto que por estas duas vias o conhecimento docente acaba por ser corroído, e que tal corrosão acaba por levar-nos à conclusão de que se faz necessária a retomada urgente do papel instrutivo das filosofias pedagógicas com ênfase no desenvolvimento da maestria do professor (como por exemplo a filosofia de Herbart), o que viria a servir como suporte para uma nova recomposição da forma, do valor e do conteúdo sólido dos conhecimentos professorais, o que, insistimos, é a base de toda a atividade docente.[1] HARGREAVES, Andy. Os professoresemtempos de mudança: o trabalho e a cultura dos professores na idade pós-moderna. Lisboa, 1999: MCGRAW-HILL (p. 102-180).[2] TARDIFF, Maurice.Divisão do trabalho técnico nas escolas de sociedades ocidentais. Educ. Soc., Campinas, vol. 25, n. 89, p. 1275-1297, set-dez. 2004.



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