O Método de Projetos e a Escola Guatemala
(Cecilia Neves Lima; Pablo Silva Machado Bispo dos Santos)
Através do convênio firmado entre a Secretaria de Educação e o INEP, a Escola Guatemala passou a condição de escola experimental em 15 de maio de 1955. O experimento ocorreu sob a supervisão da professora Lúcia Marques Pinheiro, coordenadora da DAM, que passou a ser a responsável por introduzir uma nova metodologia de aprendizagem, o apoio pedagógico aos professores da escola e a orientação dos cursos administrados pela DAM na escola, recebendo alunos bolsistas de diversas regiões do país. Foram convidadas por Lúcia Pinheiro cinco técnicas de Educação para que cada uma fosse responsável pela orientação de uma série, de modo que o apoio e a orientação aos professores ocorressem de forma eficiente atendendo seus anseios e dificuldades práticas do dia-a-dia com o trabalho com uma nova metodologia. Administrativamente, a escola era subordinada a Secretaria de Educação com responsabilidade sobre as matrículas dos alunos, relação de pessoal, avaliações, etc. A cessão da escola ao INEP ocorreu apenas no âmbito pedagógico, já que administrativamente mantinha-se sob a gestão da Secretaria de Educação. O método ativo de aprendizagem utilizado na Escola Guatemala era o Método de Projetos. Esse método atendia plenamente a filosofia da escola, baseada numa educação que visa o desenvolvimento global do ser humano para que este possa manter uma atitude democrática frente a vida e frente a sociedade. Consiste basicamente na criação de situações e experiências pautadas na vida social cotidiana. As escolhas de situações são derivadas do interesse das crianças, levando-as a realizar o esforço necessário para que esta situação seja superada, ou seja, levando-as a conhecer a situação, pensar e refletir acerca do assunto para chegar a uma conclusão e, conseqüentemente a aprendizagem. Assim, as crianças adquirem conceitos e valores sociais através do trato de situações problemáticas reais que surgem, nas discussões das soluções, na cooperação, no senso de responsabilidade, na liberdade de ação. A proposta pedagógica da escola partia do pressuposto de que a instituição escola deveria preparar o homem para a vida do trabalho e para a vida social em geral, desde aspectos relativos ao exercício da cidadania, desenvolvimento do espírito da vida democrática, até a capacidade de usar bem as horas de lazer através de ações práticas que se assemelhava à vida cotidiana. Portanto:Uma experiência é educativa quando dela decorre uma transformação da maneira de ser de que o indivíduo é consciente.
O ponto de partida para a aprendizagem são as vivências de situações concretas ocorridas no cotidiano, para que após uma sistematização estas experiências concretas possam ser assimiladas e intelectualizadas.Assim, a aprendizagem escolar estava baseada no planejamento e formulação de objetivos para o desenvolvimento do ser humano integral inserido num contexto social progressista formado em bases democráticas. É a educação como instrumento de modificação da maneira de ser de cada um, com a finalidade de uma atuação eficiente nas situações da vida. As atividades num projeto decorrem da necessidade e do desejo sentido pela criança em solucionar e experenciar uma situação, levando-a a ação. A ação decorre de um planejamento e de objetivos bem definidos pelo professor de modo que a atividade seja significativa para aquele grupo escolar.As principais características do Método de Projetos são:Situação Problemática – gera a curiosidade, apelando para os recursos das experiências anteriores e para a capacidade de pensar;Intenção, propósito – a vontade e o desejo sentido pelo aluno em solucionar a situação problemática;Realização dentro do ambiente natural – local que seja o mais próximo da vida social cotidiana do aluno. Dessa forma, o trabalho cognitivo da criança consiste em planejar suas atividades e, ao solucioná-las, os problemas a serem resolvidos aparecem. O Método de Projetos apresenta peculiaridades em relação as demais metodologias de aprendizagem utilizadas, pois: a) exige do professor um planejamento consciente e seguro para que este possa atender as necessidades do grupo; b) o planejamento decorre de situações sistematizadas configurando-se em um processo, que exige tempo; c) o desenvolvimento do trabalho é baseado em situações e experiências, levando o aluno a desenvolver o pensamento reflexivo frente a vida e as questões sociais; d) as situações propostas são globais, proporcionando a criança uma integração entre as atividades e a consciência de que a solução das situações problemáticas provém de atitudes globais, integradas; e) oferece pontos de contato entre as disciplinas escolares, por prover de situações globais e cotidianas em que o professor poderá trabalhar ao mesmo tempo questões de diversas disciplinas.testam hipóteses, chegam a uma conclusão e comprovam o resultado usando-o em novas situações. As atitudes são vividas e tornam-se experiências que servirão de ponto de partida para a solução de novas situações, num processo continuo de construção e reconstrução de experiências que levam as crianças a construir a sistemática do pensamento reflexivo: planejar, realizar, comprovar. A Escola Guatemala, por seu trabalho pioneiro e experimental, produziu inúmeros materiais de apoio ao professorado. Podemos citar, o Guia de Ensino Ensinando Matemática à Criança, de 1963, que era um guia de orientação do professor primário nas atividades do ensino de matemática e o Guia Estudos Sociais na Escola Primária – 1º ao 4º ano, que a Escola Guatemala testou as recomendações do guia, juntamente com outras classes experimentais em Minas Gerais e na Bahia. Estas obras foram publicadas pelo INEP/CBPE, fazendo parte de uma coleção de livros que tiveram importância no cenário educacional brasileiro
Resumos Relacionados
- Etiologia Do Fracasso Escolar
- Professores Reflexivos Em Uma Escola Reflexiva.
- Utilização Da Tecnologia Na Escola
- Múltiplos Olhares Sobre Educação E Cultura
- Professores Reflexivos Em Uma Escola Reflexiva
|
|